SÃO PAULO (Reuters) – A produção de etanol no centro-sul do Brasil cresceu 15,3 por cento na primeira quinzena de novembro, com as usinas atentas ao consumo do biocombustível no mercado doméstico em meio a preços do açúcar pouco atrativos no exterior.
Conforme dados divulgados nesta segunda-feira pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), as unidades fabricaram 1,06 bilhão de litros de etanol (anidro e hidratado) no período, ante 923 milhões de litros um ano atrás, em volume que ficou dentro do esperado.
Isso levou o total produzido do biocombustível a registrar raro aumento no acumulado da safra, após a fabricação de açúcar demandar grande volume de cana na maior parte da temporada.
Dessa forma, a produção de açúcar somou 1,25 milhão de toneladas na primeira quinzena do mês, contra 1,88 milhão de toneladas na quinzena anterior e 1,36 milhão de toneladas há um ano (queda de 8 por cento).
Os resultados levam em consideração um mix bem alcooleiro. Na primeira metade de novembro, 57,45 por cento da oferta de matéria-prima processada destinou-se à produção de etanol, acima dos 52,05 por cento computados em igual quinzena de 2016 e dos 57,15 por cento contabilizados ao final de outubro de 2017.
Em nota, o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, disse que “esses números refletem a mudança no perfil de produção das usinas anexas (produtoras de açúcar e de etanol)”, com foco no álcool.
Os volumes de produção de açúcar e etanol vieram em linha com pesquisa realizada pela S&P Global Platts.
VENDAS DE ETANOL
O biocombustível passou a ser mais atrativo para as usinas a partir de agosto, na esteira de altas tributárias maiores para a gasolina, concorrente direto do hidratado.
Nos primeiros 15 dias de novembro, por exemplo, foram vendidos 684,76 milhões de litros do etanol usado diretamente nos tanques dos veículos –alta de 36,1 por cento ante o mesmo período do ano passado.
Isso elevou a comercialização total do biocombustível (incluindo anidro e exportações) na quinzena para 1,1 bilhão de litros, expansão de 15,2 por cento ante o mesmo período do ano passado.
“O hidratado segue competitivo em relação à gasolina nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso, responsáveis por quase metade da frota de veículos leves e motocicletas do
país”, disse Rodrigues.
MOAGEM
O processamento de cana pelas usinas e destilarias do centro-sul do Brasil cresceu 7,24 por cento na primeira quinzena de novembro, para 23,35 milhões de toneladas.
Já o nível de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana moída somou 132,64 kg, recuo de 3,5 por cento na comparação anual e de 13,66 por cento em relação à quinzena imediatamente anterior.
Para o diretor técnico da Unica, “essa retração da qualidade era esperada, pois em outubro o ATR cana –aquele obtido a partir das análises em laboratório da planta entregue na unidade industrial– já sinalizava para uma queda de 2 a 3 por cento nesse indicador”.
No acumulado da safra 2017/18, iniciada em abril, o centro-sul processou 552,95 milhões de toneladas de cana (-1,61 por cento na comparação anual) e produziu 34,35 milhões de toneladas de açúcar (+2,36 por cento) e 23,66 bilhões de litros de etanol (+0,20 por cento).
Até 16 de novembro, 82 unidades encerraram a safra no centro-sul, contra 115 até a mesma data do último ano, disse a Unica.
Fonte: Canal do Produtor