O dinamismo do agronegócio brasileiro na última década ficou claro no levantamento do Censo Agropecuário 2017. Foi o que enfatizou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na apresentação oficial dos números, nesta sexta-feira (25). A cerimônia para a divulgação nacional dos dados ocorreu no Palácio Iguaçu, em Curitiba. A escolha do Paraná como palco para o detalhamento dos números, segundo o instituto, ocorreu pelo fato de o Estado ter uma vocação agropecuária e ter um dos sistemas produtivos mais diversificados e eficientes do Brasil.
Suzana Cordeiro Vera, presidente do IBGE, destacou a importância do levantamento para definir o futuro da atividade agropecuária no país. “O Censo dedica todo um esforço para retratar a realidade, que mudou de forma dinâmica nesses últimos anos. E o próprio censo também foi dinâmico. Tivemos coleta de dados digitalizada, uma sofisticação tecnológica de acompanhar os trajetos dos servidores ao longo dessa operação. Foi muito interessante para mapear esse setor e o funcionamento dele no Brasil”, relatou.
O governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior, também alertou para a relevância de se disponibilizar dados para a tomada de decisões. “Diz um ditado que quando você não sabe onde quer chegar, qualquer caminho serve. O Brasil não pode pegar qualquer caminho. Os dados do IBGE são importantíssimos para saber para onde devemos ir e errar o menos possível na tomada de decisões”, recomendou.
O governador aproveitou a ocasião para lembrar que mesmo o Paraná tendo pouco mais de 2% do território nacional, está na liderança na produção de uma série de produtos agrícolas. “Somos o maior produtor de proteína animal do país, um dos maiores de grãos, e não só em volume, mas também em diversidade. Nossa vocação é produzir alimento ao planeta, com uma diferença: nós fazemos uma agricultura verde e sustentável”, apontou. “Tive a honra de votar o Código Florestal e posso dizer que não existe no mundo uma lei tão rígida e forte em defesa da agricultura sustentável como a brasileira”, acrescentou.
O secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná Norberto Ortigara elogiou o empenho dos produtores rurais nos últimos anos em transformar o agro do Estado em um dos mais dinâmicos do mundo. “Para quem faz gestão pública, ou para quem pretende fazer investimentos privados de qualquer tamanho, sempre é bom ter ótimas informações. A informação é boa para calibrar políticas, planejar ações públicas e privadas. Sem elas, é chute, é buscar pedaços de informações para implantar propostas que possam contribuir”, opinou.
José Roberto Ricken, presidente da Ocepar, falou representando o G7, do qual o Sistema FAEP/SENAR-PR é integrante. Ricken avaliou que a leitura dos dados do Censo é uma oportunidade para adotar uma leitura de desenvolvimento que una urbano e rural em uma só visão. “Temos que focar no desenvolvimento das pessoas, das regiões, do Paraná e do Brasil. Tivemos um crescimento de 53% na produtividade, e isso veio por meio de tecnologia, novos sistemas de produção, trabalho e esforço de inúmeras pessoas. Não temos dúvida nenhuma de que estamos no lugar certo, na hora certa, e podemos contribuir para que sigamos nesse caminho de desenvolvimento”, apontou.
Destaques nacionais
Antonio Carlos Simões Florindo, gerente técnico do Censo Agropecuário, foi quem apresentou os dados do IBGE. Florindo salientou que o levantamento é uma fotografia, um marco histórico do campo, que foi tirada em 30 de setembro de 2017. “Tem muita gente que fica ansioso, sei de várias pessoas que não veem a hora de mergulhar nesses números. O que é preciso cuidar é que na análise muitas vezes se fica no nível do oceano. E nesse nível, às vezes, as coisas para as quais você está olhando não são mais fatos, são miragens, relações que não existem”, alertou.
Entre os destaques dos números, Florindo falou sobre o aumento no número de estabelecimentos, um total de 1,5% no aumento de estabelecimentos com área e 5,8% na área total. Por outro lado, a área de matas naturais nos estabelecimentos agropecuários aumentou 12%. Destaque negativo, mas que não é exclusividade do campo, foi a diminuição no número de pessoas ocupadas no campo pelo processo natural de mecanização e automação das atividades agropecuárias. A média de ocupados por estabelecimento agropecuário caiu de 3,2 pessoas, em 2006 para 3, em 2017.
Outros pontos interessantes são que o número de tratores nas propriedades aumentou em 49%. A área irrigada, por sua vez, cresceu 47,6% no país. Houve também um aumento de 85% no plantio direto, com um total de 33 milhões de hectares (eram cerca de 17 milhões, em 2006).
O Censo também levantou dados sobre o uso de defensivos agrícolas. O número de estabelecimentos que declarou usar os produtos aumentou 20,4% em relação a 2006. Chama a atenção, no entanto, que a maioria dos produtores faz uso de quantidade pequena do insumo. Para se ter ideia, 73% dos estabelecimentos que declararam uso de pesticidas tem menos de 20 hectares. E nestes 73% foram gastos apenas 7,4% dos R$ 32 bilhões de reais do gasto total com defensivos agrícolas no Brasil. Isso representa, segundo Florindo, um gasto médio de R$ 190,00 por mês nessas propriedades.
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Fonte: Sistema FAEP