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CARNE MAIS CARA DO MUNDO

A forte crise econômica, que somente agora dá tênues sinais de arrefecimento, passou distante do mercado de wagyu, raça bovina trazida do Japão para seleção no Brasil em 1992. Ao contrário, a demanda pela carne nobre, considerada a mais saborosa do mundo – e também a mais cara –, continuou superando largamente a produção exígua que sai das fazendas.

Hoje, por conta da qualidade, maciez e sabor, 1 quilo da carne wagyu não é encontrado por menos de R$ 350 a R$ 400 e, mesmo assim, somente em pontos de venda sofisticados. Por sua vez, um bifão puro de cortes nobres de kobe beef, degustado como “iguaria” em restaurantes de alta gastronomia, pode valer R$ 380 em sua versão bastante marmorizada, ou seja, a que traz mais gordura entremeada nas  fibras. No caso do bife de wagyu cruzado com outras raças bovinas, o que dá o animal meio-sangue, o prato vale até R$ 210.

A carne do wagyu é conhecida como kobe beef. Kobe é um importante centro econômico do Japão. Foi lá que, há séculos, os viajantes ficaram conhecendo as peculiaridades da raça.
Visando aumentar o comércio de animais e distribuir melhor a oferta de carne, os criadores brasileiros estão empenhados na promoção de eventos, como exposição nacional da raça, dias de campo, leilões e cursos. Querem ainda divulgar outros tipos de corte do wagyu junto ao público consumidor, que são um pouco mais baratos e igualmente possuem maciez e sabor.

Além disso, é preciso continuar abastecendo o nicho seletivo do mercado, que paga muito bem pela carne.

- São Paulo é o principal mercado consumidor. O Estado fica com 95% da produção nacional, mas a tendência é chegar a outras regiões do país. Recentemente, recebemos pedidos do Acre – diz Daniel Steinbruch, pecuarista de 24 anos que seleciona 500 cabeças puras na Fazenda Angélica, em Americana, interior de São Paulo.

Daniel é um dos raros fazendeiros do país a verticalizar a cadeia produtiva da carne. Atualmente, ele está abatendo 150 animais puros por ano, número que considera insuficiente para atender à procura crescente.

- Estamos fazendo fertilização in vitro (FIV) para aumentar a oferta, porém, o embrião demora quatro anos para ser abatido – observa.

Para incrementar o volume, Daniel criou um programa de fomento e dele estão participando pecuaristas que atendem às exigências da Fazenda Angélica.

- Pagamos de 1,4 a 2,2 vezes a cotação média da arroba do boi gordo por animal entregue. Isso conforme o grau de marmorização da carne – explica.

Agregando

Além de incentivar outros “parceiros”, Daniel anunciou, no mês passado, a construção de um frigorífico em Americana cuja expectativa é entrar em funcionamento no primeiro semestre de 2018. A proposta é agregar valor ao fazer a desossa de 400 bovinos ao mês e assumir ele próprio o desafio da distribuição. O pecuarista quer atender ainda ao pedido de cortes específicos feitos por determinados clientes.

- É que os cortes de wagyu vão um pouco além daqueles disponíveis nos açougues. E mais: as margens atuais da indústria são altas demais e tornam o produto cada vez mais caro. -

O novo frigorífico não vai operar somente com o wagyu. Irá industrializar também carne de gado angus, suínos, caprinos e ovinos, adianta Daniel.

Presidente da associação brasileira de wagyu, sediada em Bragança Paulista (SP), George de Toledo Gottheiner confirma que é importante tornar disponíveis ao consumidor outros cortes da raça também, cujos preços são mais acessíveis.

- Caso do acém. Com ele pode ser preparado um estrogonofe delicioso  – diz.

George comanda um trabalho de cria e recria e um confinamento de 650 animais de sangue wagyu na cidade de Aquidauana (MS).

- O gado nasce e é criado em nossa própria fazenda – diz.

Fonte: Revista Globo Rural



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