Levantamento divulgado na manhã de hoje (23/8) pelo Fundecitrus mostra que o cancro cítrico afeta 11,71% das árvores do parque citrícola de São Paulo e Triângulo e Sudoeste Mineiro, o que corresponde a cerca de 23 milhões de árvores. Na comparação com o ano passado, quando estimava-se que 8,68% das plantas estavam doentes, a incidência cresceu 35%.
Para o pesquisador do Fundecitrus Franklin Behlau, o aumento era esperado, uma vez que o programa de erradicação da doença sofreu sucessivas mudanças nos últimos anos, que reduziram seu rigor até culminar com sua extinção, em 2017. Além disso, a adoção em São Paulo do status fitossanitário de Área sob Sistema de Mitigação de Risco (SMR), em fevereiro do ano passado, passou a permitir a existência de plantas com sintomas nos pomares do estado. Minas Gerais, no entanto, manteve o status de Área sob Erradicação ou Supressão.
“O SMR legalizou, em momento necessário e oportuno, a ocorrência do cancro cítrico na citricultura paulista. Com o SMR, é possível produzir e comercializar com segurança frutos de mesa sadios mesmo em propriedades afetadas”, explica Behlau. “Independentemente do destino da produção, o foco agora está no emprego de um conjunto de medidas de controle, como aplicação de bactericidas cúpricos e uso de quebra-ventos, objetivando a produção de frutas sem sintomas da doença”, completa.
Noroeste segue como setor mais crítico
O Fundecitrus divide o parque citrícola em cinco setores – Norte, Noroeste, Centro, Sul e Sudoeste. O Noroeste é o setor mais afetado, com 39,97% das árvores com a presença da doença. Nesse setor, a região de Votuporanga é a que apresenta a maior ocorrência de cancro cítrico, com 63,14% das árvores infectadas.
Os setores Sul e Sudoeste têm as menores incidências. No Sul, o menos impactado pela doença, 0,86% das árvores têm cancro cítrico. No Sudoeste, 1,42% das árvores são sintomáticas.
CVC diminui em todos os setores, idades e tamanhos de propriedade
Ainda de acordo com o levantamento, a incidência de Clorose Variegada dos Citros (CVC), também chamada de “amarelinho”, é de apenas 1,30% no parque citrícola. O número, 45% menor do que o registrado em 2017, confirma a tendência de queda da doença verificada nos últimos anos e deve-se principalmente à intensificação do manejo do greening, pois os produtos utilizados para o controle do psilídeo também atuam contra as cigarrinhas transmissoras da CVC.
Pomares com CVC apresentam frutos duros, pequenos (com até 75% menos peso) e que amadurecem precocemente, o que diminui rapidamente a produtividade. Identificada no Brasil em 1987, a doença já atingiu mais de 50% das laranjeiras de São Paulo e Minas Gerais nos anos 2000.
Fonte: Fundecitrus