Com a ajuda de cursos técnicos, produtores rurais assumem postura de empreendedores e reinventam sua atividade diante de dificuldades econômicas e períodos de incertezas no Paraná. Os casos se repetem entre agricultores e pecuaristas que acessaram cursos para uma gestão profissionalizada das propriedades por meio do Programa Empreendedor Rural (PER).
Em época de recuo na produção estadual de café, Renne e Jaqueline Van Der Goot, de Arapoti, a 220 km de Londrina, no Norte Pioneiro, conseguiram acessar mercado de alto valor agregado. O casal lançou no mercado uma linha especial de café, a Kaldi Café Gourmet, 100% arábica, com certificação na categoria gourmet pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). A ideia surgiu enquanto Jaqueline fazia os cursos de gestão empresarial e empreendedorismo rural ofertados pelo Serviço de Aprendizagem Rural do Paraná (Senar-PR), no início do ano passado. “Por meio do programa eu aprendi mais sobre a minha propriedade, porque tive que analisar todos os dados da fazenda”, conta.
Com base no aprendizado, os empreendedores estabeleceram plano de negócios e contrataram agência de marketing de Curitiba para inserir o produto no mercado. “Antes nós apenas comercializávamos os grãos de café. Hoje nós industrializamos a nossa produção”, ressalta a produtora.
“Desde que lançamos, as vendas cresceram por volta de 100%, e hoje atendemos cafeterias, redes de postos de combustíveis e mercados. Em breve teremos até opções em cápsulas para as máquinas de café”, diz Jaqueline.
No caso do produtor rural, Edison José Engel, de Toledo, o aprendizado resultou na criação de uma máquina que utiliza dejetos de suínos, aves ou gado na geração de energia elétrica. O projeto foi campeão na categoria Inovação do PER em 2012. “Hoje você precisa estar sempre buscando informação. E o curso foi uma forma de estar em contato com técnicos preparados para nos trazer esse conhecimento”, analisa Engel.
O PER, criado em 2003 pelo Senar e a Federação da Agricultura do Paraná (Faep) hoje existe em 14 estados. Neste ano, forma 48 turmas, somando 1.134 em 12 anos no estado, em parceria com Sebrae e a Federação dos Trabalhadores Rurais do Paraná (Fetaep).
Os projetos de empreendedorismo cumprem exigência para conclusão dos cursos do PER. São avaliados por uma banca composta por dez técnicos e professores do sistema que abrange Senar, Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Fetaep, Sebrae-PR, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Os três mais inovadores são premiados com uma viagem técnica, nacional ou internacional. A premiação cria expectativa em todo o estado, como a que promete atrair 4,5 mil produtores ao Expotrade Pinhais, na região de Curitiba, dia 4.
“Quanto mais difícil é o momento econômico, mais relevante é o domínio do processo de gestão. A partir do PER, o produtor rural passa a ter ferramentas para lidar com as dificuldades. É uma maneira de ele entender a inserção de sua propriedade rural no contexto da sociedade”, pontua o superintendente do PER, Humberto Malucelli.
Fonte: Gazeta do Povo
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