Áreas produtoras de café arábica no Brasil registraram no final de semana a abertura da principal florada da safra comercial 2019/20. O evento chamou atenção pela quantidade de flores e abrangência, mas a irregularidade preocupa. Lavouras têm botões abertos e muitos sem ainda florescer.
“Teoricamente a flor do café não precisa abrir para ter o pegamento, mas isso está acontecendo em uma proporção que eu nunca vi antes”, afirma o engenheiro agrônomo da Fundação Procafé, Alysson Fagundes. Para o especialista, os botões sem finalizar a abertura, não vão mais abrir as flores e ficarão dessa forma.
“Ainda não perceberam, mas se você for na lavoura e olhar de perto vai perceber esse problema [da irregularidade entre flores completas e outras sem finalizar a abertura]”, destaca o Alysson Fagundes.
Fagundes explica que se confirmaram as perspectivas de uma grande florada, mas a falta do desenvolvimento de botões em flor pode ser explicada por alguma questão fisiológica.
“Tivemos aí um problema na abertura na ordem de 10 a 50%, poucas lavouras não tem problema”, disse o agrônomo sobre o Sul de Minas.
Agora, as plantas dependem também das condições do tempo nos próximos meses para que as lavouras se desenvolvam e gerem frutos.
“Daqui para frente o setor vai acompanhar com apreensão o clima, uma vez que a continuidade das chuvas será essencial para o pegamento das flores e para o desenvolvimento dos chumbinhos da safra 2020/2021″, destacou em boletim o Escritório Carvalhaes.
O escritório de café, com sede em Santos (SP), ainda explica que está descartada pelo mercado a possibilidade de uma nova safra recorde.
“… mas a torcida é para que o clima possibilite o crescimento de uma safra de bom tamanho e com qualidade. As altas temperaturas e a previsão de chuvas irregulares preocupam bastante”.
Apesar de chuvas nos últimos dias, possibilitando as floradas do café no cinturão produtivo, o mês de outubro já começou com irregularidade nas chuvas. Dados do Sismet Sistema para o Monitoramento Agro-energético da cultura do Café, no âmbito da Cooxupé mostram isso.
Segundo o sistema da cooperativa, de 15 estações meteorológicas em cidades produtoras, apenas seis têm chuvas acumuladas neste mês. Cabo Verde (MG): 1 mm, Caconde (SP): 4,6 mm, Coromandel (MG): 1,4 mm, Guaxupé (MG): 3 mm, Monte Santo de Minas (MG): 3,8 mm e São José do Rio Pardo (SP): 14 mm.
Fonte: Notícias Agrícolas