O mercado internacional do café, balizado pelo arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) teve um mês de abril de balanço negativo para as cotações. O principal fator para a pressão sobre os preços veio da chegada da safra brasileira de 2020, que deve ser recorde. O começo da colheita é fator fundamental baixista. Afora isso, a apreensão com a queda na demanda diante da pandemia do coronavírus também pesa sobre o mercado.
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, NY alterou o patamar de atuação para baixo.
“O mercado é pressionado pela chegada da safra brasileira. A recente alta no petróleo e o alívio nos mercados, com a retomada gradual da atividade na Europa e nos EUA, não foram capazes de reverter as perdas do café”, comenta. A safra recorde e o dólar em níveis históricos mantêm o interesse de venda por parte do produtor brasileiro. “E isso acaba jogando contra os preços”, afirma.
O resultado da flexibilização do isolamento na Europa e EUA, superado o pico da pandemia, servirá como norte aos mercados financeiros e, por isso, ainda deve trazer alguma volatilidade de curto prazo ao café, indica o consultor. Já o andamento da safra brasileira, que deve ganhar corpo com o arábica a partir de maio, deve direcionar o comportamento dos referenciais de café no mercado mundial, avalia.
Para ele, muito embora o mercado já tenha precificado a grande safra que será colhida aqui no Brasil, há espaço para algum ajuste fino negativo, diante da confirmação da previsão de safra recorde. SAFRAS & Mercado projeta 68,10 milhões de sacas.
“Por outro lado, qualquer coisa diferente de uma safra recorde e de boa qualidade deve fomentar uma correção para cima na linha de preços”, adverte.
No balanço mensal, o café na ICE Futures em NY na posição julho caiu em abril de 120,35 para 105,30 centavos de dólar por libra-peso no fechamento desta quarta-feira (29/04), acumulando uma perda de 12,5%. Em Londres, o robusta caiu menos em abril, baixando 2,9% no contrato julho.
Já o mercado físico brasileiro de café teve as perdas de NY limitadas pelo dólar em contínua elevação a patamares recordes. Assim, em reais o café se sustenta no país. No balanço mensal, o dólar comercial em abril subiu de R$ 5,199 ao final de março para R$ 5,357 no fechamento do dia 29, acumulando elevação de 3%. E isso que houve uma correção para baixo nos últimos dias.
No balanço de abril, o café arábica bebida boa no sul mineiro caiu de R$ 575,00 a saca para R$ 560,00 a saca na base de compra. Já o conilon subiu de R$ 320,00 para R$ 330,00 a saca. Há maior demanda pelos cafés novos já colhidos do conilon, sustentando o mercado, além de que o robusta caiu menos em Londres em abril.
Os produtores vêm adiantando as vendas da safra nova de café 2020. Aproveitaram as recentes altas, especialmente quando os arábicas passaram de R$ 600,00 a saca. Agora, com a recente queda nos preços em NY e com o dólar recuando, as negociações acalmaram.
Fonte: Agência SAFRAS