Os projetos do agronegócio alavancam os investimentos produtivos do Paraná a níveis recordes no primeiro semestre deste ano. Antecipando-se ao aumento dos juros médios do crédito rural para 8,75%, produtores, cooperativas e empresas anteciparam investimentos e devem encerrar o primeiro semestre de 2015 com ao menos R$ 700 milhões em financiamentos via Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). O valor equivale a quase 90% do desembolso total do banco no estado.
Maior repassador dos recursos dos programas agrícolas do governo federal via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o BRDE deve encerrar o semestre com mais de 80% do orçamento anual de R$ 1 bilhão aplicados – o dobro do registrado nos primeiros seis meses de 2014 e mais do que o volume contratado em todo o ano de 2011.
- Buscamos antecipar para não perder linhas de crédito especiais, com taxas e prazos diferenciados – pontua o diretor administrativo do BRDE no Paraná, Orlando Pessuti.
Ele admite que o aumento dos juros no Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2015/16 tende a retrair os investimentos no segundo semestre, mas garante que “se houver demanda, recursos não vão faltar”.
Tradicionalmente, o agronegócio concentra a tomada de crédito no primeiro semestre. Nos últimos quatro anos, em média 62% das operações do BRDE foram destinadas ao setor. Na média anual, o índice fica em 58% — ainda assim, uma participação considerável.
- O foco no agro é natural, dada à vocação do Paraná e o modelo de produção, que tem participação muito grande das cooperativas – contextualiza Wilson Quinteiro, diretor operacional do banco.
Principal motor da agroindustrialização no estado, o sistema cooperativista planeja investir R$ 2,4 bilhões neste ano, 14% menos que em 2014. Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Ocepar, confirma que houve um adiantamento da tomada de crédito em antecipação ao aumento dos juros do PAP, principalmente nos investimentos ligados ao PCA e ao Prodecoop, que financiam projetos de armazenagem e agroindústria.
Há também uma preocupação com a situação econômica do país e as incertezas tendem a reduzir os investimentos.
- Uma parcela desses investimentos que não tem como cortar. Principalmente aqueles vinculados a projetos em andamento – esclarece Turra.
Fonte: Gazeta do Povo