O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento quer aumentar a presença de produtos orgânicos nos mercados nacional e internacional. A intenção foi manifestada pela ministra Tereza Cristina e secretários da pasta durante o lançamento da 15ª edição da Semana dos Orgânicos nesta segunda-feira (27).
Intitulada “Produto Orgânicos – Melhor para Vida”, a campanha foi lançada na sede do Ministério com um lanche especial e uma feira de produtos orgânicos. Um dos objetivos centrais da mobilização é informar ao consumidor como reconhecer os alimentos orgânicos nos locais de comercialização e ampliar a relação de confiança com os produtores rurais.
Em seu discurso, a ministra Tereza Cristina destacou o crescimento da agricultura orgânica no Brasil e o aumento do número de agricultores registrados no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos mantido pelo Ministério da Agricultura. Atualmente, cerca de 20 mil produtores estão cadastrados no Ministério.
“É com enorme prazer que abro esta semana de orgânicos no nosso ministério, uma iniciativa de que se repete há 15 anos. E cujo sucesso pode ser comprovado: a cada ano cresce, na faixa de 10 a 15 por cento, o número de produtores rurais registrados no Mapa que trabalham com alimentos orgânicos, provando que há espaço para todos no mercado. O setor já alcança faturamento anual bilionário, na casa dos R$ 4 bilhões”, declarou.
A ministra defendeu a qualidade dos alimentos produzidos no Brasil e ressaltou que o país pode aumentar suas vendas de orgânicos para o mercado mundial. Em visita recente à Ásia, a ministra identificou a possibilidade ampliar o comércio de orgânicos, principalmente frutas, para o Japão.
“O mercado que tem aí é crescente. Acho que nós temos aí uma avenida enorme para crescer neste segmento da agricultura e pecuária orgânica do Brasil”, disse. “Existe mercado lá fora, existe mercado aqui dentro, inclusive um mercado que paga mais por estes produtores. Então é uma questão de organização do setor”, completou.
No evento, foi anunciado um acordo entre Brasil e Chile que permitirá a compra e venda de produtos orgânicos entre os dois países. Segundo a ministra Tereza Cristina, haverá uma adaptação entre a legislação dos dois países.
“É muito importante essa troca inclusive para o crescimento desse setor nas exportações brasileiras”, destacou. O embaixador chileno, Fernando Schmidt Ariztía, participou do evento e disse que o Brasil tem agora 17 milhões de novos consumidores de orgânicos “é o produto do futuro”, ressaltou.
Também participaram do lançamento os secretários de Defesa Agropecuária, José Guilherme Leal; da Política Agrícola, Eduardo Sampaio; da Agricultura Familiar e Cooperativismo, Fernando Schwanke; o interino da Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação, Pedro Correa Neto e o presidente da Câmara Temática da Agricultura Orgânica do Mapa, Luiz Demattê.
Representantes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), da Câmara Setorial da Agroecologia e produção Orgânica do Distrito Federal, além de outras entidades do setor também estiveram presentes.
Crescimento
O secretário José Guilherme Leal lembrou que é o Ministério da Agricultura o responsável pela base legal que controla a certificação e fomenta a produção orgânica no país.
“O Brasil tem um dos sistemas mais seguros e rigorosos de certificação orgânica. Estamos falando de mais de 22 mil estabelecimentos rurais, mais de 700 mil hectares de produção orgânica. E esperamos que com a atualização do cadastro tenhamos um número maior em termos de área plantada”.
Ele lembrou que o consumidor tem feito cada vez mais demandas a este setor e disse que a secretaria de Defesa Agropecuária está trabalhando para reforçar o sistema de controle e fiscalização no comércio para evitar fraudes na venda de orgânicos sem certificação.
“Quem trabalha duro pela certificação merece que seu trabalho seja valorizado”
Pedro Correa Neto enfatizou a importância da semana dos orgânicos para a valorização da cadeia produtiva de base agroecológica e citou o desafio enfrentado pelo Ministério na elaboração de novas políticas, como o Programa Nacional de Bioinsumos.
Fernando Schwanke afirmou que o Brasil tem condições de desenvolver uma agricultura sustentável e que os agricultores familiares e orgânicos podem alcançar o protagonismo mundial assim com os produtores de commodities.
Eduardo Sampaio reiterou que o Brasil tem condições de aumentar as vendas de orgânicos no mundo. Atualmente, o mercado brasileiro de orgânicos representa menos de 1% do mercado mundial, enquanto que as exportações brasileiras representam 7% do comércio exterior.
O secretário de Política Agrícola também informou que o novo Plano Safra vai dar “ênfase muito forte” aos pequenos e médios produtores rurais, para que eles agreguem conhecimento, valor e possam aumentar a oferta de produtos orgânicos no mercado.
“Para os orgânicos, o mercado está posto, nós precisamos ocupar. A oportunidade está à nossa porta”, disse.
Demandas
Durante o lançamento, foram apresentadas algumas demandas dos produtores de orgânicos, como o desenvolvimento de máquinas agrícolas apropriadas para pequenas e médias propriedades, maior acesso a programas de créditos e financiamento, fortalecimento das comissões de produção orgânica.
Os produtores também pedem maior volume de pesquisas científicas direcionadas para o setor e mais facilidade de acesso aos bioinsumos, como sementes orgânicas, biofertilizantes orgânicos e defensivos biológicos. A ministra respondeu que a produção orgânica tem sido valorizada pelo Ministério como todos os outros tipos de produção e que as demandas do setor já vêm sendo discutidas no âmbito da câmara setorial e das secretarias do Ministério.
“O Ministério está aqui para resolver estes problemas. Eu me coloco à disposição para falar com a Abimaq e pedi que essas máquinas sejam feitas de maneira mais apropriada para esta pequena agricultura. Se o nosso crédito tem algum problema para os produtores orgânicos, está aqui a Secretaria de Política Agrícola. Enfim, tudo aquilo que puder ser feito para ajudar o agricultor familiar para que tenha mais êxito, podem contar com esta ministra da Agricultura e com todo o Ministério”.
Campanha
Realizada desde 2005 em todas as regiões do país, a campanha é marcada por diversas atividades, como feiras, seminários, exposições, degustação de produtos, panfletagem, rodas de conversa, trocas de sementes, eventos culturais, educativos e visitas de campo sobre qualidade de vida, sustentabilidade e agrobiodiversidade.
Ao longo da campanha, serão repassadas nas redes sociais e em diferentes atividades presenciais informações sobre os cuidados, direitos e obrigações que os produtores, consumidores, processadores e comerciantes devem ter para garantir que, ao comprar ou consumir produtos orgânicos em feiras, lojas, hotéis e restaurantes as pessoas estejam, de fato, levando e consumindo produtos verdadeiramente orgânicos.
Além de estimular o consumidor a participar como agente no controle da qualidade, a mobilização deste ano visa estimular gestores municipais e estaduais a ampliarem a compra de alimentos da agricultura familiar e orgânicos para a merenda escolar, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
A mobilização visa promover o produto orgânico e a conscientização dos consumidores sobre os princípios agroecológicos que viabilizam a produção de alimentos e outros produtos necessários ao homem de forma mais harmônica com a natureza, valorizando a biodiversidade, contribuindo para a saúde de todos e garantindo justiça social em todos os segmentos da cadeia produtiva.
A campanha inicia na última semana de maio de 2019 e se estende até maio de 2020, com eventos e atividades em praticamente todas as unidades da federação.