O ranking foi apresentado nesta terça (4) na COP-24 do Clima pela organização alemã Germanwatch, que reúne dados climáticos e socioeconômicos de 181 países.
Embora no ranking geral o país figure longe do topo dos mais vulneráveis ao clima, aparecendo na 79ª posição em 2017 e na 90ª posição na média de 1998 para cá, o Brasil alcança a 18ª posição no ranking dos que mais perdem economicamente com as mudanças climáticas.
As perdas anuais passam de US$ 1,7 bilhão (R$ 6,4 bilhões) ao ano devido a eventos extremos como tempestades e inundações, na média dos últimos vinte anos.
O ranking contabiliza os prejuízos diretamente causados por desastres climáticos —tempestades, inundações, ciclones, furacões, ondas de calor etc— incluindo mortes e perdas econômicas, respectivamente comparados com o tamanho da população e o PIB cada país.
Com isso, o cálculo considera não só a exposição geográfica a fenômenos extremos, mas também a capacidade de resposta a eles.
“As mudanças climáticas se manifestam localmente de formas muito diferentes e o preparo de cada país para antecipar a ocorrência dos fenômenos e responder a eles faz a diferença no ranking”, conta à Folha o principal autor do estudo, David Eckstein.
“Não é do interesse do próprio país negar que as mudanças climáticas estão acontecendo. Se ignorar os fatos, Brasil pode ficar mais vulnerável”, afirma Eckstein. “Embora os países mais pobres sofram mais por não terem condições de se preparar para os fenômenos e para se recuperar deles, países que ignoram as mudanças climáticas também podem ter altos prejuízos, como os Estados Unidos tiveram”.
Apenas os furacões que atingiram a costa leste do país em 2017 causaram um prejuízo recorde de U$S 200 bilhões (R$ 760 bilhões).
A situação pode ser mais grave para o Brasil do que o ranking sugere, segundo Eckstein. Ele diz que os países africanos e o Brasil estão sub-representados, pois o ranking só calcula perdas diretas e não inclui fenômenos como a seca, que implica prejuízos indiretos, como no abastecimento de água e na agricultura.
Para o climatologista do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e um dos colaboradores do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU, Carlos Nobre, os extremos climáticos se acentuaram muito no Brasil nos últimos doze anos.
Fonte: União dos Produtores de Bioenergia