A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores (ABC), irão desenvolver um projeto de transferência de conhecimento no setor sucroalcooleiro com técnicos da Sudanese Sugar Company (SSC), estatal do Sudão que atua no setor. Entre 14 e 18 de setembro, uma delegação brasileira visitou o país árabe e se reuniu com autoridades locais para desenvolver o projeto, que deverá ser implantado nos primeiros meses de 2016.
De acordo com o professor associado do Departamento de Tecnologia Agroindustrial da UFSCar, Octavio Valsechi, que integrou a delegação que foi ao Sudão, o governo do país árabe deseja desenvolver seu setor sucroalcooleiro com a cooperação do Brasil. Ele afirmou à ANBA nesta segunda-feira (19) que os sudaneses receberam orientação brasileira alguns anos atrás, mas aquele projeto não prosperou. O desejo, agora, é retomar o plano. Além de Valsechi, participaram da missão brasileira um integrante da Agência ABC e um diplomata do Itamaraty.
Segundo Valsechi, SSC já tem a infraestrutura básica para colocar em prática parte dos conhecimentos que serão adquiridos no projeto. O plano será ser executado em quatro etapas, provavelmente a partir de fevereiro.
Na primeira, especialistas brasileiros irão ao Sudão para capacitar técnicos de uma estação experimental da SSC. Na segunda etapa, os sudaneses deverão começar a desenvolver variedades locais de cana-de-açúcar. Na terceira fase, prevista para ser executada em agosto, os sudaneses virão ao Brasil e visitarão a Feira Internacional de Tecnologia Agroenergética (Fenasucro), em Sertãozinho, no interior de São Paulo, e uma usina de processamento de cana-de-açúcar. A última etapa, no Sudão, vai aprofundar o desenvolvimento das variedades. O projeto deverá consumir US$ 250 mil.
“Eles precisam de informações e conhecimento. Eles têm oito variedades de cana-de-açúcar. Usam duas, e uma delas corresponde a cerca de 95% da área plantada. É um risco grande, pois se essa cultura é atingida por uma praga, eles perdem a produção”, afirmou Valsechi, que será o responsável pelo desenvolvimento do projeto na UFSCar. O Brasil tem cerca de 500 variedades de cana-de-açúcar.
Variedades são plantas da mesma espécie, porém com pequenas alterações que as tornam mais ou menos adaptadas ao clima e ao solo. Quanto mais adaptada para uma região, maior é a produtividade de uma variedade. Como a SSC tem poucas variedades, os sudaneses se esforçam para adaptar o solo a elas. O ideal é desenvolver variedades adaptadas ao solo local.
Segundo Valsechi, o Sudão tem potencial para desenvolver o setor. “Eles têm água do Nilo, uma terra muito boa, que não é ácida. Têm muitas vantagens”, afirmou. Se esse potencial for explorado, a Sudanese Sugar Company poderá, em 12 anos, ser produtora e exportadora dos derivados da cana-de-açúcar.
Outra grande produtora de cana-de-açúcar e derivados no Sudão é a Kenana Sugar Company. Embora o governo sudanês seja o maior acionista da empresa, os governos do Kuwait, da Arábia Saudita e fundos de investimento são sócios da companhia. A Agência ABC pertence ao Itamaraty e tem como objetivo oferecer cooperação técnica do Brasil para países em desenvolvimento em diversos setores.
Fonte: Agência de Notícias Brasil/Árabe
Fonte: Canal do Produtor