O custo de produção para o pecuarista que faz a engorda está 22,3% maior na comparação com o ano passado e 7,3% em relação ao primeiro trimestre de 2016. Essa alta se deu, principalmente, em função do aumento no valor pago pela saca de milho e a piora na relação de troca com o boi magro.
De acordo com levantamento da Scot Consultoria, em março desse ano o milho ficou cotado, em média, em R$47,82 por saca de 60 quilos na região de Campinas (SP). Assim, o preço subiu 59,1%, em relação ao mesmo período do ano anterior.
O analista da consultoria, Rafael Ribeiro explica que em algumas regiões o percentual de alta pode chegar até 80% na comparação com 2015. Entre os principais fatores de alta no cereal, Ribeiro destaca os estoques enxutos, conseqüência de exportações elevadas em 2015 e redução na produção da safra de verão.
"Enquanto a safrinha não chegar de fato, deveremos os preços ainda elevados, mas é importante ressaltar que em algumas regiões já observamos que a cotação parou de subir, o que é um aspecto positivo", relata o analista.
Dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) mostram que, em março, saíram de portos brasileiros 2,02 milhões de toneladas que, somada as 5,37 milhões de toneladas exportadas em fevereiro, totalizam 7,39 milhões de toneladas.
Como o estoque final da temporada (no encerramento de janeiro deste ano) era de 10,54 milhões de toneladas, conforme estimativa da Conab, restariam apenas 3,14 milhões de toneladas, equivalentes ao consumo interno (linear) de pouco mais de uma quinzena – a Conab estima consumo interno de 58,39 milhões de toneladas nesta safra 2015/16.
Para o analista, as cotações só devem arrefecer a partir de junho quando a colheita ganhar corpo em todo o país. No entanto, esses preços irão se manter entre R$ 35,00 a R$ 36,00/sc na média do país, enquanto que no ano passado era possível encontrar o produto entre R$ 25,00 a R$ 26,00 a saca de 60 kg.
Assim, atualmente é possível adquirir 3,7 sacas do cereal com uma arroba do boi gordo. Ribeiro conta que no ano passado essa relação de troca era de 6 sacas por arroba, ou seja, uma diferença de até 3 sacas dependendo da região.
Outro fator que impacta diretamente nos custos do pecuarista de corte é a reposição. Em São Paulo o boi magro (12@) está cotado a R$ 2.030 a cabeça, o que representa uma relação de troca de 13 arrobas por uma reposição. Segundo Ribeiro, historicamente essa relação é de 12 arrobas por boi magro.
Diante desse cenário a perspectiva da Consultoria é que ocorra uma redução de 2% a 7% no volume de animais confinados neste ano, principalmente no primeiro giro, onde não deve ocorrer uma diminuição significativa nos custos.
Analises da Scot apontam um resultado de 1% a 3,11% ao mês dependendo do tipo do confinador – considerando o preço atual do boi magro e a referência na BM&F.
"Uma alternativa para minimizar os custos será a polpa cítrica que sofreu pouca alteração desde o ano passado. Cotada a R$ 400 a tonelada, os produtores devem optar por incrementar a alimentação com a polpa, o problema é que a disponibilidade é baixa e localizada para algumas regiões", ressalta.
Apesar de apresentar um rendimento menor, e a perspectiva unânime dos analistas de que teremos uma redução neste ano, o confinamento pode ser uma boa oportunidade de encurtar o ciclo e aproveitar as altas da arroba. A prática permite melhores resultados na terminação do boi, como ganho de peso em um tempo médio de 90 dias.
Ribeiro alerta para a mudança no ciclo vigente da pecuária. O intenso abate de fêmeas de 2011 a 2013 reduziu a disponibilidade de animais terminados, e vem desde então, sustentando as cotações do boi gordo. Porém, desde 2014 as fêmeas voltaram a ser retidas e esse cenário deverá começar a ter reflexo a partir de 2017.
"Nós já trabalhamos com uma virada de ciclo a partir de 2017 e 2018, onde esses preços em patamares elevados poderão retrair, então confinar pode ser uma boa alternativa para aproveitar o mercado que ainda está em alta neste ano", destaca o analista.
Cenário
Por um motivo ou outro, a prática de confinamento vem caindo. Desde meados de 2013, o aumento no valor do bezerro para reposição se tornou um problema. O resultado foi um confinamento 5% menor, segundo a Assocon. A retração foi de 769 mil para 731 mil cabeças.
Fonte: Notícias Agrícolas
Fonte: Canal do Produtor