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BAGUNÇA NAS LAVOURAS

Enquanto os produtores dos estados de Minas Gerais e Goiás, no Centro-Oeste, estão plantando a safra de verão sem a umidade esperada, o excesso de chuvas interrompe as plantadeiras e também dificulta a colheita da safra de inverno no Paraná. O fenômeno climático El Niño, considerado um dos mais severos já registrados nos últimos anos, desajustou o calendário agrícola além do que se previa.

Apesar de, na média, o plantio do Paraná estar em dia, em cerca de 90%, as chuvas provocam atraso regional, com implicação na produtividade e nos resultados de 2014/15 e de 2015/16. Em Guarapuava, Centro-Oeste do Paraná, as lavouras de inverno já deveriam ter dado lugar à soja, mais ainda estão em pé, para desespero dos produtores.

- A soja já deveria ter entrado onde está o trigo e a cevada, mas o excesso de chuva dificulta. Chove dia sim, dia também – lamenta Andreas Keller Junior, que já plantou os 140 hectares de milho, mas apenas 30% dos 560 hectares de oleaginosa.  – O ideal seriam 50% – relata.

Coordenador da assistência técnica da cooperativa Agrária, Leandro Bren conta que a alteração do calendário agrícola coloca em risco o resultado da safra, ainda mais em uma temporada de alta nos custos de produção e queda nos preços das commodities.

- Quanto mais tarde plantar, menor é o potencial produtivo. Além de que a chuva em abundância pode gerar aumento de doenças e pragas [ nas lavouras de inverno] – pontua.

Outra realidade

Se o solo do Paraná está encharcado, a poeira pinta o céu de marrom quando algum produtor mais ousado decide encarar o solo seco nos estados de Minas Gerais e Goiás.

- O pessoal está plantando no seco confiando nas previsões de que vai chover – diz Claudionor Nones, diretor do Sindicato Rural de Uberlândia, no Triângulo Mineiro.

O executivo calcula que o atraso, dependendo da região, está entre 5 dias a 20 dias. Minas vem de duas secas consecutivas, fato que derrubou a média de produtividade do estado.

A baixa umidade faz com que os produtores cheguem a sentir falta de problemas antigos, quando as chuvas eram abundantes.

- Tem muita gente com saudade do mofo branco (doença ocasionada pela alta umidade nas lavouras) – brinca Ângelo José Assunção Silva, gerente comercial da empresa Protec em Uberlândia, que atende produtores num total de 400 mil hectares de soja.

Com o prazo do plantio se esgotando, o agricultor Gisenio José Duarte resolveu entrar com as plantadeiras na propriedade de 500 hectares no município de Cachoeira Dourada, em Goiás.

- Eu já perdi parte da janela para o milho safrinha [que será plantado após a colheita da soja]. Os 200 hectares que ainda faltam só vão servir para sorgo no inverno – diz, confiante de que pode repetir as 50 sacas de soja por hectare, média da temporada passada.

Roteiro

Ao longo desta semana, a Expedição Safra continua percorrendo as principais regiões produtoras de grãos do Centro-Oeste para avaliar as condições de plantio. Os próximos estados visitados pela equipe são Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Fonte: Gazeta do Povo



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