Um programa de melhoramento genético de aveia permitiu o cultivo do cereal em áreas do Sul do Brasil, tornando o país autossuficiente e criando uma rede de pequenos produtores na região, informa a Embrapa. Por sua contribuição à sociedade, o estudo conquistou o segundo lugar no Prêmio Péter Murányi, edição Ciência & Tecnologia.
Iniciado em 2000 e coordenado pelos professores Luiz Carlos Federizzi e Marcelo Teixeira Pacheco, o projeto nasceu com objetivo de adaptar as sementes da aveia ao clima subtropical e tornando-as resistentes às pragas comuns em território nacional e que costumam inviabilizar as colheitas, tornando seu cultivo sustentável.
Com o uso de técnicas de genética e melhoramento clássico, os pesquisadores obtiveram grãos de aveia capazes de resistir à composição do solo brasileiro, rico em alumínio. Os cultivares produzidos foram amplamente adotados pelos produtores da Região Sul. Desde 2005, as safras de aveia têm mais de 90% de sementes produzidas no Brasil.
“Qualidade é um fator fundamental para que as indústrias processadoras possam utilizam o grão de aveia. Com os trabalhos e estudos realizados permitimos que o agricultor médio produza aveia para o setor”, contam Federizzi e Teixeira Pacheco.
O projeto levou quatro anos para ser concluído. Os resultados colhidos permitiram que o Brasil deixasse de ser um importador de aveia. A iniciativa possibilitou, também, o surgimento de pequenas empresas processadores de grãos no Interior dos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Segundo a presidente da Fundação Péter Murányi, Vera Murányi Kiss, entidade instituidora e organizadora da premiação, o resultado da votação mostra a importância da ciência na melhoria da qualidade e produtividade de nossas colheitas.
“Nesta edição pudemos ver o quanto o trabalho de nossos pesquisadores, apoiados em constantes estudos científicos, tem sido capaz de vencer desafios naturais, como nosso clima, e aumentar a capacidade de nossa lavoura, tornando-a mais sustentável e produtiva”, explica.
Fonte: DATAGRO