Produtores da Serra testam pela primeira vez tecnologia para área protegida
Longe dos ventos, do granizo e da maioria dos problemas provocados pelo clima, a uva cultivada em área coberta garante maior segurança para os viticultores. Num ano como este, com muitos estragos provocados, principalmente pelos vendavais, a proteção da videira é ainda mais essencial. O agricultor de Linha Palmeira/São José, no interior do município de Farroupilha, Francisco Perini, calcula que perdeu 40% da produção da variedade Bordô por causa de galhos quebrados pelo vento e devido a incidência de doenças como Botrytis (Podridão Cinzenta) e Míldio – fungos que se desenvolvem com o excesso de umidade e temperaturas entre 18°C e 25°C. Já na área coberta a videira escapou dessas adversidades climáticas.
– Não se perde com a geada, não perdemos produção com a chuva de pedra, o vento ocasiona, no máximo, 5% de perdas devido ao espaçamento do plástico e a única prevenção é com a Botrytis na hora da floração – destaca Francisco que junto com o pai, Geraldo José Perini, cultiva 1,2 hectare de uva sem proteção e 3,2 hectares da variedade Niagara Rosada pelo sistema de plasticultura.
Para amenizar os prejuízos com a Botrytis, Francisco é um dos pioneiros no País a testar uma nova tecnologia – um plástico fabricado em Israel e comercializado pela Enoagro Comercial Agrícola com pequenos furos que aumentam a entrada de sol e facilitam a saída da umidade na videira.
– Nós precisávamos de clareamento nos parreirais, porque a lona de rafia deixa escuro o ambiente e diminui a produção. Esse plástico “furado” libera a umidade que ficava no parreiral e causava o fungo – compara.
O uso de agrotóxicos que já é 75% inferior na área coberta deve ser ainda menor. Outro diferencial é o investimento: Francisco gastou R$ 56 mil no novo plástico para cobrir 1,2 hectare – cerca de 2.200 parreiras – aproximadamente R$0,20 m² mais barato em relação a lona de rafia. Mas o produtor sabe que a durabilidade do plástico é menor, porém acredita que a produtividade e a qualidade da uva produzida na nova tecnologia compensam.
– Estava faltando no mercado essa tecnologia. O Brasil não tem ainda qualidade para a produção de uva coberta, o que temos hoje é um plástico adaptado, era a lona de galinheiro que só diminuíram o tamanho – avalia o produtor.
– Era uma necessidade dos produtores de uva coberta, essa tecnologia vem para agregar pela qualidade, produtividade e custo-benefício – acrescenta o estudante de agronomia e vendedor da Enoagro, Jovani Milesi.
O agricultor que cultiva uva coberta há 13 anos (quatro anos com o plástico comum e nove anos com a lona de rafia) e que pela primeira vez está testando a tecnologia Israelense, já percebeu o diferencial do novo material. Nesta vindima inaugural espera colher 30 toneladas em 1,2 hectare.
– Visualmente já tem uma boa diferença, a claridade no parreiral é outra – avalia Francisco.