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AUTOESTIMA REFORÇADA

Diante de um novo corte no orçamento do Ministério da Agricultura e de cotações internacionais reprimidas, a agropecuária está reforçando sua autoestima para discutir médio e longo prazos. O 14º Congresso Brasileiro do Agronegócio, que termina hoje, em São Paulo, decidiu exaltar os diferenciais do setor para revigorar linhas de expansão, prejudicadas pela elevação nos custos e pela instabilidade político-econômica do país.

O corte de R$ 287 milhões no orçamento ministerial “não vai tirar um centavo da defesa agropecuária”, atenuou o secretário de Política Agrícola do Mapa, André Nassar. Isso favorece a continuidade dos projetos de expansão das exportações de carnes, defende.

Em outro recado da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, Nassar afirmou que, mesmo sem recursos extras, o seguro rural da soja será ampliado. Segundo ele, a redução de despesas “de 15%” é estratégica e preserva planos centrais.

O agronegócio brasileiro está em vantagem não só pela disponibilidade de terras ou pelo clima tropical, mas essencialmente pelas tecnologias desenvolvidas no país, defendeu o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), Maurício Antônio Lopes. Em sua avaliação, a melhor saída é

- Identificar onde temos vantagens competitivas e garantir que essas vantagens sejam nossas ao longo do tempo – disse ele.

Entre os trunfos do agronegócio brasileiro, foram apontados o fato de o país ter condição de cultivar três safras por ano, a tecnologia do plantio direto na palha (que vem sendo defendida no combate ao aquecimento global) e a integração de lavoura, pecuária e floresta (que intensifica a atividade e a rentabilidade). Essas bandeiras, que passarão a ser defendidas como diferenciais no mercado global, direcionaram os debates no congresso.

Os palestrantes dirigiram avaliações positivas e mensagens de estímulo a 800 presentes e também a cerca de 5 mil pessoas que acompanham o congresso da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) pela internet. Um sistema de inscrições on-line permitiu a participação à distância, envolvendo, por exemplo, equipes da Embrapa e de cooperativas agroindustriais em pontos remotos.

O presidente da Abag, Luiz Carlos Carvalho, defendeu que faz parte do papel da entidade e de organizações paralelas uma atuação “macro”, que mostre o setor como peça fundamental para o desenvolvimento do país.

Setor não atravessa crise sem arranhão, diz especialista

O agronegócio não está imune às crises econômicas, disse o consultor Alexandre Mendonça de Barros, da MB Agro, um dos debatedores do congresso.

- No caso das empresas com dívidas em dólar, por exemplo, os balanços pioraram bastante – citou.

Esse fator, associado à elevação dos custos dos produtos cotados em dólar, faz com que, na análise de segmento por segmento, uma série de efeitos negativos se tornem evidentes, apontou. O câmbio flexível, por outro lado, permite a elevação dos preços da soja e do milho em real, o que tem sido determinante para manter o agronegócio dissociado da crise brasileira, apontou Barros.

A Abag assumiu no congresso avaliação positiva em relação ao Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2015/16. Mesmo com elevação de juros e redução no volume de recursos a taxas controladas, o PAP protege o pequeno e o médio produtor e o sistema cooperativo, disse Alexandre Figlionino.

- Levando em consideração a conjuntura, houve certa criatividade – elogiou.

Fonte: Gazeta do Povo



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