A pobreza rural aumentou pela primeira vez em uma década na América Latina e no Caribe, revertendo avanços anteriores, alertou a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) nesta quarta-feira (21).
Dois milhões de pessoas se somaram ao contingente de pobres rurais da região entre 2014 e 2016 e elevaram o total para quase metade da população rural, muitas delas dedicadas à agricultura de subsistência e operários sem terras próprias, segundo um novo relatório da FAO.
“Não podemos tolerar que um de cada dois habitantes rurais seja pobre”, disse Julio Berdegué, representante regional da FAO, em um comunicado.
“Pior ainda, sofremos uma reversão histórica, um rompimento da tendência que torna claro que estamos deixando nossas áreas rurais para trás”.
A pobreza rural recuou na região entre 1990 e 2014 graças ao crescimento econômico e a um boom de commodities que permitiu aos governos investirem mais no combate ao problema. Mas o declínio do crescimento entre 2014 e 2016 provocou um aumento ligeiro tanto da pobreza quanto da pobreza extrema, disse a FAO.
Os níveis de pobreza são definidos e medidos de forma diferente em cada país da região. O Banco Mundial fala em pobreza extrema quando uma pessoa vive com menos de US$ 1,90 por dia.
A pobreza está levando um número crescente de pessoas, principalmente na América Central, a trocar o interior pelas cidades – às vezes de outro país, segundo a FAO.
“A migração irregular e insegura do campo é uma prioridade social e política”, afirmou Berdegué. “Sua solução inclui transformar territórios rurais em locais prósperos e socialmente coesos”.
Eliminar a pobreza rural é crucial no combate ao tráfico de drogas e pessoas, além do desmatamento e da mineração ilegais, que vêm avançando em áreas rurais, informou o FAO.
A entidade disse que, apesar de países como Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador e Peru terem diminuído os índices de pobreza rural nas últimas décadas, um grande fosso separando o campo e a cidade persiste.
Quase 20% dos habitantes da América Latina vivem em áreas rurais, sendo que mulheres e comunidades indígenas e negras são particularmente afetadas.
A solução é aumentar o acesso às terras, aumentar a resistência das comunidades rurais a choques ambientais e econômicos e investir mais em infraestrutura, o que inclui estradas e suprimentos de água, disse a FAO.
Fonte: G1