Depois da incerteza da realização da Feira Nacional do Trigo (Fenatrigo), devido a crise econômica do país, um grupo de lideranças de Cruz Alta assumiu o desafio de realizar a 12ª edição do evento e conseguiram reunir aproximadamente 400 expositores da indústria e comércio no Parque Integrado de Exposições. Com atrações desde encontros técnicos da cadeia produtiva do trigo, da carne, provas de rodeio e atrações culturais, além de show musicais com nomes consagrados, como da cantora Paula Fernandes, a festa já supera as expectativas dos organizadores.
- É um ano difícil, várias feiras foram canceladas por causa da situação econômica do país e, mesmo assim, conseguimos praticamente o mesmo número de expositores do ano passado – avalia o presidente da feira, Airton Carlos Becker.
E foram empresários como o proprietário da Simbiose, Marcelo de Godoy Oliveira, que abrasaram a causa e patrocinaram a Fenatrigo.
- Tenho indústria aqui e tenho que valorizar o município. Quero que a feira seja reconhecida pela relevância que tem para o agronegócio – analisa Oliveira.
Além de patrocinar o evento, a Simbiose apresenta a linha de tecnologias biológicas como os inoculantes para a soja, feijão, milho e trigo – os mais concentrados registrados no Brasil. Outra diferencial da empresa é a tecnologia BTControl para controle das lagartas da soja – primeira tecnologia brasileira biológica para combater a helicoverpa armigera. Quem visitar o estande da Simbiose também conhecerá os próximos lançamentos que devem ficar a disposição dos agricultores a partir de 2016.
- Estamos apresentando o BEAUVEControl para o controle da mosca branca nas culturas da soja, feijão, algodão e tomate. Outras novidades são o METAControl para combater a cigarrinha das pastagens e broca da cana-de-açúcar; o STIMUControl para combater doenças do solo e o NEMAControl para controlar as nematoides – antecipa o empresário.
A Agroprecision – especializada em assistência técnica e agricultura de precisão – aproveita a vitrine da Fenatrigo para receber os produtores rurais e divulgar o plano safra.
- Realizamos agora o trabalho de agricultura de precisão – análise e mapeamento de solo – e o agricultor paga somente na colheita da soja – destaca o sócio da Agroprecision, engenheiro agrônomo Leonardo Rossatto.
A Eagri – fabricante de equipamentos para classificação de grãos – nos primeiros dias da feira já fechou negócios com cerealistas e agricultores. Mas o proprietário, Leandro Dutra Machado, admite que produtos de maiores valores, que dependem de financiamentos estão com os negócios travados.
- Mas os resultados da Fenatrigo estão bons. É também uma forma de mostrar as novidades para este mercado – relata Machado.
O segmento de automóveis não tem o que reclamar: mesmo diante da crise, a Auto Panambi – Concessionária Volkswagen vendeu 10 veículos nos três primeiros dias da feira e espera neste sábado (03/10) ultrapassar um milhão de reais em negócios. As promoções exclusivas para a Fenatrigo da Amarok com até 21% de desconto e a Saveiro com até 18% de desconto impulsionaram as vendas.
- Até o fim da feira queremos vender mais de 30 veículos – revela o gerente de vendas da Auto Panambi, Umberto Pause.
Essa diversidade de ofertas e opções chamaram a atenção da dona de casa, Marli Schneider, que ficou feliz quando foi confirmada a realização da Fenatrigo.
- Cruz Alta precisa termais oportunidades. Meus dois filhos estão morando fora, porque aqui não tem emprego – reforça Marli.
TRIGO – UM DESAFIO A PARTE
A estrela da Fenatrigo enfrenta mais um momento delicado nesta safra – pelo segundo ano consecutivo a produtividade e a qualidade do cereal serão afetadas pelo clima. A geada dos dias 11 e 12 de setembro já derrubaram a produção em aproximadamente 30%, conforme projeções da Federação da Agricultura do RS (Farsul), Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro) e Associação dos Cerealistas (Acergs) divulgadas na reunião da Câmara Setorial do Trigo, na última sexta-feira (02/10), realizada durante a Fenatrigo. As lavouras gaúchas não devem colher mais do que 2 milhões de toneladas. Outro problema é a previsão de chuva para os próximos dias que pode prejudicar, principalmente, a qualidade do produto. Atrelado a tudo isso, o fator preço é uma eterna dor de cabeça para o triticultor.
- O governo federal deve indicar se quer que o produtor plante trigo com um plano de política agrícola mais bem definido. Senão, daqui a alguns anos vamos ter Fenatrigo, sem trigo – alerta o presidente da feira que segue até este domingo (04/10).