As leguminosas de grãos tradicionalmente utilizadas como alimentos — a soja, os feijões, o grão-de-bico, a lentilha, a ervilha, o amendoim, entre muitas outras — tendem a se tornar essenciais para a humanidade. Essa família de plantas é composta por cerca de 20 mil espécies, que se adaptam a praticamente qualquer ambiente terrestre, compondo uma reserva genética essencial para a segurança alimentar e nutricional das populações no futuro.
As leguminosas se confundem com a própria história das civilizações. Os antigos chineses popularizaram a soja; os povos mediterrâneos, as lentilhas e as ervilhas; e os astecas, incas e maias apreciavam os feijões. Os antigos chineses e romanos aprenderam a utilizar a propriedade da espécie de associação com microrganismos do solo, que fixam o nitrogênio do ar e o fornecem às raízes, melhorando o desempenho das plantas e a qualidade do solo.
Leguminosas são parte da alimentação básica em praticamente todos os cantos do planeta, respondendo por um terço das necessidades de nitrogênio na dieta humana. E contribuem com cerca de um quarto da produção agrícola em todo o mundo. Aí se destaca a soja, a mais importante cultura agrícola do Brasil, essencial na produção de rações, óleo comestível, energia renovável e variados produtos industriais. Estima-se que, em 2050, o planeta precisará de 700 milhões de toneladas de soja, o dobro da produção atual.
Na verdade, é inevitável o crescimento da dependência humana pelas leguminosas. Elas serão cada vez mais importantes no enfrentamento de desafios globais, com destaque para o alcance da segurança alimentar e nutricional de uma população em rápido crescimento; para a luta contra as emissões de gases de efeito estufa, que impactam as mudanças climáticas; e para o atendimento à crescente demanda por energia limpa, de baixo impacto para o meio ambiente.
Uma gama diversificada de leguminosas alimentares poderá prover proteínas de qualidade, a preços acessíveis, em resposta ao crescimento populacional e às mudanças demográficas previstas para as próximas décadas. Devido a sua capacidade de estabelecer simbiose com organismos fixadores de nitrogênio, as leguminosas são excelentes provedoras, a baixíssimo custo, desse nutriente essencial aos agroecossistemas, melhorando a produtividade das lavouras, o uso da água e de nutrientes caros e finitos, como o fósforo.
Por isso, as leguminosas serão parte cada vez mais essencial da luta contra as mudanças climáticas, reduzindo nossa dependência de fertilizantes sintéticos nitrogenados — que são emissores de gases de efeito estufa — e também fornecendo matéria-prima renovável de múltiplos usos industriais. E as leguminosas são componentes centrais no processo de intensificação sustentável dos sistemas produtivos, viabilizando consórcios e a integração de lavouras, pecuária e florestas, com uso mais intensivo e eficiente da terra, o que reduz as pressões da agropecuária sobre os recursos naturais, em especial as florestas nativas e os recursos hídricos.
Portanto, as leguminosas serão componentes cada vez mais importantes na busca da sustentabilidade, em âmbito global, e o Brasil é parte dessa equação. Quanto maior nossa produção de leguminosas, maiores serão os benefícios econômicos, sociais e ambientais para a sociedade brasileira. Ampliando as exportações, o país reforçará sua contribuição à segurança alimentar, nutricional e ambiental do planeta.
Fonte: Globo Rural