O solo é um recurso natural essencial aos seres, ao exercer funções vitais como produção de alimento, regulação dos ciclos biogeoquímicos da água e carbono, preservação da biodiversidade e várias outras finalidades. Desta forma, na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), o solo contribui diretamente para o cumprimento de vários objetivos do desenvolvimento sustentável, como fome zero, água limpa, combate às alterações climáticas, e preservação da vida terrestre. No Brasil, e principalmente no Paraná, os solos com alto potencial produtivo, aliados aos padrões favoráveis de chuva criam um ambiente com excelentes condições para a agricultura, que poucas regiões do mundo têm. Ainda, isso torna o nosso país uma potência agrícola mundial.
A natureza leva entre 200 e 400 anos para formar uma camada de apenas um centímetro de solo. Mas o mau uso e manejo do solo degrada o mesmo por erosão hídrica numa taxa muito maior que sua formação, principalmente em regiões subtropicais/tropicais úmidas como as brasileiras. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estima que 33% dos solos do mundo estão degradados, principalmente por erosão, compactação e contaminação.
No dia 15 de abril comemoramos o Dia Nacional da Conservação do Solo (Lei Federal 7.876, de 13/11/1989). A data propõe uma reflexão sobre a importância do solo, a necessidade da sua conservação e da utilização adequada desse recurso natural no Brasil. Num contexto global, a preocupação com o solo levou a ONU a instituir o período entre 2015 e 2024 como a Década Internacional do Solo.
No caso do Paraná, o emprego de medidas para a conservação do solo justifica-se em razão da ocorrência, em todas as regiões, da erosão hídrica. Este processo degradante foi bastante intenso na década de 1970 e reduziu nas duas décadas seguintes, em razão dos trabalhos de conservação do solo em microbacias e do avanço do Sistema Plantio Direto, que fizeram do Paraná referência mundial em agricultura conservacionista. No entanto, nos últimos anos, a degradação do solo por erosão voltou a se acentuar, junto muitas vezes com a compactação. E isso demanda atenção especial das instituições que detêm conhecimentos e/ou representação política capaz de corrigir os problemas de degradação dos solos, bem como dos outros recursos naturais diretamente ligados a ele, a exemplo das águas de superfície.
Com o propósito de contribuir, as instituições e profissionais voltados à conservação do solo e da água do Paraná, o Núcleo Estadual Paraná da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (NEPAR- -SBCS) estão publicando o Manual de Manejo e Conservação do Solo e da Água para o Paraná, com o apoio do Sistema FAEP/SENAR-PR. A obra apresenARTIGO ta, em uma linguagem direta, estratégias operacionais e técnicas para um adequado manejo e conservação do solo e da água, no sentido de garantir a sustentabilidade da agricultura. A elaboração deste manual contou com a participação de 72 profissionais (professores, pesquisadores, extensionistas) de 16 instituições do Estado (universidades estaduais, universidades federais, institutos de pesquisa estadual e federal, secretarias de estado, serviço de extensão rural).
O Manual se constitui também num recurso importante para a formação de estudantes de nível médio e/ou superior e para a capacitação de profissionais em treinamentos oferecidos por programas conservacionistas, como o Programa Microbacias e o Prosolo.
O Manual será lançado durante a VI Reunião Paranaense de Ciência do Solo (www.rpcs2019.com.br), marcada para dia 28 de maio, em Ponta Grossa. O evento, cujo tema central é “O Desafio da Produção Agropecuária com Baixo Impacto Ambiental”, também será um importante fórum de discussão acerca do manejo e conservação do solo, contribuindo com um diagnóstico atual e com a proposição de medidas de governança do solo no Estado.
Oromar João Bertol e Jeferson Dieckow, respectivamente diretor e vice-diretor do Núcleo Estadual Paraná da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo.
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Fonte: Sistema FAEP