Os indicadores do arroz chamaram a atenção em novembro: importações, produção e produtividade menores contra exportação maior – impulsionada pelo dólar alto. Isso significa que o volume do grão para o mercado doméstico diminuiu, logo, preços mais altos para o consumidor final já estão à vista.
A colheita da safra 2015/ 2016 poderá chegar a 11,9 milhões de toneladas, 4,1% inferior a de 2014/ 2015, mostra o levantamento mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A pressão veio da retração na área semeada, de 3,8%, totalizando 2,2 mil hectares; com produtividade esperada de 5,4 mil kg/ha, leve baixa de 0,3%.
No Rio Grande do Sul, principal estado produtor da cultura, o excesso de chuvas provenientes do fenômeno climático El Niño afetaram a semeadura da lavoura. Em relatório, a Conab espera produtividade de 7,5 mil kg/ha para a região, 2,6% menor que a da temporada anterior. Entre os rizicultores, a projeção é de perdas mais profundas, entre 10% e 12%, conta ao DCI o diretor técnico do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Maurício Fischer.
"Produzimos o suficiente para o nosso abastecimento, mas temos entrada de arroz do Mercosul, isso gera um excedente que nos dá possibilidade de exportar de 10% a 15% da produção", explica o executivo. O câmbio desfavoreceu o agricultor, onerando as despesas do campo – que subiram em paralelo aos aumentos da energia elétrica e do diesel – mas também os tornou mais competitivos lá fora.
Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que, em novembro, os embarques do setor somaram 184 mil toneladas, 45,5% superior na variação mensal. No acumulado do ano, foram 1,16 milhão de toneladas, 9,27% acima que o mesmo período de 2014.
Em um movimento inverso, as importações – que também ficaram mais caras – reduziram em 11,9% em novembro ante outubro, somando 47,3 mil toneladas. Em 2015, até o mês passado, as compras externas totalizam 463 mil toneladas, 42,6% inferior às de 2014.
Neste cenário, pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) destacam que, no acumulado do ano até a semana passada, o indicador de preços pela saca de 50 kg no Rio Grande do Sul subiu 7,6%.
"Alguma coisa vai ter que ser repassada como todos os demais produtos da cesta básica", diz Fischer sobre os custos.
Fonte: DCI
Fonte: Canal do Produtor