Atualmente, Argentina, junto com Estados Unidos e Paraguai, abastece o mercado brasileiro com trigo.
Logo na primeira semana de mandato, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, cumpriu uma das suas principais promessas de campanha. Nesta segunda-feira (14/12), Macri irá suspender os impostos para as exportações dos produtos agrícolas como trigo, milho e sorgo. Na soja, produto que a Argentina é o terceiro maior exportador do mundo, atrás dos Estados Unidos e Brasil, a redução será de cinco pontos, passando para 30%.
- Hoje vou assinar o decreto de retenção (imposto às exportações) zero para as economias regionais – disse Macri.
A medida tem por objetivo estimular a produção agrícola, mas a curto prazo busca que os produtores e exportadores liquidem o estoque retido, como uma maneira de permitir a entrada de divisas nas combalidas reservas do Banco Central.
- Confio em vocês que podemos duplicar a produção de alimentos na Argentina – declarou o presidente, durante evento com produtores em Pergamino, município distante 220 quilômetros de Buenos Aires, uma das regiões agrícolas mais ricas do país.
Trigo
A medida adotada por Macri também terá impacto sobre o Brasil, principalmente no trigo. Na semana passada, os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que concentram mais de 90% da safra nacional, confirmaram prejuízos nas lavouras do cereal do pão. No total, de acordo com os órgãos estaduais de agricultura, a quebra ultrapassa 1 milhão de toneladas, reflexo do excesso de chuva nos últimos meses na região Sul do país.
A redução na safra nacional aumenta a importação de trigo, principalmente da Argentina, para atender as indústrias de pães, massas e biscoitos. A expectativa é de que o produto do país vizinho chegue ao Brasil mais barato.
- No curto prazo, o preço deve cair porque o produtor argentino não precisa mais esconder quanto de trigo tem. Com um número mais real da safra, a oferta aumenta e o preço deve cair. No longo prazo, com o lucro 30% maior, os produtores devem plantar mais nas próximas safras, também elevando a oferta”, complementa – avalia Hugo Godinho, técnico da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab).
Sem a possibilidade de colher mais de 7 milhões de toneladas de trigo nesta safra, conforme estimativa inicial, o Brasil terá que comprar no mercado internacional perto da metade do consumo interno de trigo, estimado em 11 milhões de toneladas.
Fonte: Gazeta do Povo