A área destinada às principais culturas agrícolas brasileiras deve crescer a uma taxa média de 1,5% ao ano nos próximos dez anos, com destaque para cana-de-açúcar, enquanto os preços devem permanecer relativamente estáveis quando ajustados pela inflação. A estimativa é da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
No relatório “Perspectivas Agrícolas: desafios para a agricultura brasileira 2015-2024″, lançado nesta quarta-feira (15/07) no País, as instituições previram que o uso da terra para as principais safras em 2024 – incluindo oleaginosas, cereais, cana e algodão – deve chegar a 69,4 milhões de hectares, avanço de 20 por cento sobre a área média durante os anos de 2012 a 2014.
A expansão será puxada por um aumento de 37%o de cana. Para a produção de algodão, a alta estimada no período é também expressiva, de 35% e para as oleaginosas o avanço esperado é de 23%.
Já em bases absolutas, as oleaginosas, principalmente a soja, continuarão dominando o uso das áreas agrícolas do país, respondendo por quase metade da área de cultivo adicional em 2024.
Para o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, o país tem “amplas possibilidades” de ser o principal exportador de alimentos para o mundo nos próximos 10 anos, embora ainda sejam necessários aperfeiçoamentos na infraestrutura logística para que isso aconteça.
Atualmente, o Brasil é o maior fornecedor mundial de açúcar, suco de laranja e café, e o segundo de soja, atrás dos Estados Unidos. O Brasil também é grande produtor de milho, arroz, carne bovina, tabaco e aves.
IMPACTO DA CHINA
FAO e OCDE apontaram que as exportações de oleaginosas do Brasil para a China deverão subir para 47 milhões de toneladas em 2024, ante 31 milhões em 2014.
Contudo, pode haver impacto sobre as exportações agrícolas brasileiras se o crescimento econômico da China for inferior ao esperado.
Após a economia chinesa ter exibido crescimento médio de cerca de 9 por cento ao ano nos últimos 10 anos, para os próximos 10 anos a expectativa é de um crescimento médio inferior, de 5,5% ao ano.
Se a taxa de crescimento da China ficar 25 por cento abaixo dessa projeção, as exportações de oleaginosas brasileiras serão 1,4 milhão de toneladas mais baixas em 2024.
O texto também apontou que iguais tendências podem ser vistas para outras commodities, com “forte repasse das importações chinesas para as exportações brasileiras nos casos de açúcar e aves, mas uma transmissão mais fraca de óleo vegetal e algodão”.
Fonte: Reuters