O plantio de soja da safra 2017/18 no Brasil se aproxima da reta final com perspectiva de ocupar uma área um pouco maior do que o esperado, refletindo-se também na produção, que deve ser ligeiramente superior ante o previsto em outubro, de acordo com pesquisa realizada pela Reuters.
Conforme a média de onze consultorias e outras instituições obtidas pela Reuters, a produção na temporada tende a alcançar 109,43 milhões de toneladas, levemente maior que as 109,39 milhões de toneladas esperadas no levantamento do mês passado, à medida que alguns analistas revisaram para cima seus números, enquanto outros ficaram mais pessimistas.
O plantio da oleaginosa agora foi estimado em um recorde de 34,80 milhões de hectares, acima dos 34,70 milhões e 34,77 milhões de hectares computados nas pesquisas de agosto e outubro, respectivamente.
A área é ainda 2,6 por cento maior na comparação com a registrada em 2016/17 e deve-se a um avanço da cultura sobre lavouras de milho, cujos preços no mercado interno atingiram patamares baixos neste ano em razão da ampla produção.
Liberada desde setembro, a semeadura da soja só foi engrenar mesmo no final de outubro com o retorno das chuvas e, agora, já se encontra dentro da média para o período.
Entretanto, o atraso no início dos trabalhos por causa da seca responde pelas divergências no mercado acerca do potencial produtivo da safra 2017/18, cuja diferença entre a maior e a menor estimativa apurada pela Reuters é de quase 9 milhões de toneladas.
- Apesar do atraso inicial, as condições agora estão favoráveis em praticamente toda a região produtora, com expectativa positiva para a produtividade – disse o diretor da França Junior Consultoria, Flávio França Junior, que elevou sua estimativa de produção para 112,38 milhões de toneladas, de 111,47 milhões na pesquisa de outubro.
Na mesma linha, o diretor da Cerealpar Steve Cachia comentou que “até agora houve clima irregular em algumas áreas, mas não chega a afetar os números”, ao passo que a AgRural aumentou sua projeção de produção para 110,20 milhões de toneladas, de 109,90 milhões de toneladas no mês passado.
Na contramão, o Rabobank cortou sua previsão para 107 milhões de toneladas, de 109 milhões de toneladas anteriormente.
- A principal justificativa é que parte das áreas semeadas no final de setembro e primeira quinzena de outubro devem ter sido impactadas pelo volume de chuvas irregular – afirmou o analista de grãos do Rabobank, Victor Ikeda.
- Apesar de o replantio ainda não ser significativo, parte das áreas de soja que já estavam semeadas foi impactada pelo déficit hídrico, perdeu vigor e deve ter o potencial produtivo afetado – acrescentou.
A INTL FCStone também reduziu seu número para 106,07 milhões de toneladas, de 106,73 milhões em outubro –a previsão da consultoria é a mais pessimista dentre as obtidas.
- O recuo decorreu de uma revisão da produtividade esperada, enquanto a área plantada foi mantida inalterada em 35 milhões de hectares. O atraso das chuvas no início do plantio, principalmente nas regiões central e norte, tem se refletido nos trabalhos de campo com a semeadura – destacou a consultoria, em relatório.
QUEDA ANUAL
É unânime, porém, que a produção de soja em 2017/18 será inferior à de 2016/17, que foi marcada por condições climáticas extremamente favoráveis. A média de 109,43 milhões de toneladas é 4,07 por cento menor na comparação anual.
- A maior preocupação para nós é o clima daqui para frente. Com alguns institutos de meteorologia, em semanas anteriores, chegando a falar na possibilidade do pior La Niña das últimas décadas, temos de ter mais atenção e acompanhamento do potencial de produtividade ao longo das próximas semanas e meses – alertou Cachia, da Cerealpar.
Caracterizado pelo esfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico, o La Niña é um fenômeno climático que reduz a quantidade de chuvas na região Sul do Brasil, algo nada bem-vindo para os produtores de soja nos próximos meses.
Fonte: Reuters