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Após mobilização, avicultores integrados de Cianorte conseguem reajuste dos preços recebidos

Avicultores integrados
de Cianorte, no Noroeste do Paraná, deram um exemplo de como a união, a
mobilização e o acompanhamento dos dados da própria atividade podem levar o
setor a conquistas importantes. Após uma série de ações coordenadas, que
incluiu uma carreata e a paralisação dos alojamentos, os produtores conseguiram
que a agroindústria integradora aprovasse, no último dia 7 de maio, um conjunto
de reivindicações. Entre os itens aprovados, está o aumento dos preços pagos
aos avicultores pelo quilo de frango. Toda essa negociação se tornou possível a
partir do fortalecimento e da atuação da Comissão de Acompanhamento,
Desenvolvimento e Conciliação da Integração (Cadec).

As negociações dos
produtores com a agroindústria – a Avenorte Avícola Cianorte – começou ainda no
início do ano. Por meio da Cadec, os avicultores apresentaram à empresa uma
pauta com nove itens, dos quais três foram atendidos. A questão da remuneração
– um dos pontos mais sensíveis aos produtores –, no entanto, ficou de fora do
acordo. Com a negativa da empresa em relação ao reajuste dos preços, os
integrados promoveram uma assembleia no âmbito da Cadec, e decidiram ampliar a
mobilização.

“Na assembleia, os
produtores aprovaram a flexibilização dos itens, que seriam reapresentados à
empresa. Se a agroindústria não atendesse, os avicultores decidiram que iam
proceder com a parada gradativa dos aviários e promover outras manifestações. A
empresa passou semanas sem se posicionar. Quando responderam, disseram que o
reajuste estava fora de cogitação e que o diálogo em relação a esse ponto
estava cessado. Isso os produtores não aceitaram”, relatou o coordenador da
Cadec, Diener Gonçalves de Santana.

A partir de então, os avicultores começaram a paralisar gradativamente os alojamentos em seus respectivos aviários. Em outra frente, em 25 de abril, os produtores promoveram uma carreata, que reuniu mais de 120 participantes. A manifestação partiu da sede do Sindicato Rural de Cianorte, passou pelas principais avenidas do município e se encerrou em frente à sede da Avenorte.

“Até então, a
mídia só expunha o lado da agroindústria, que é o lado positivo da atividade. A
gente queria levar à sociedade e ao mercado consumidor o outro lado da moeda,
que é as dificuldades pelas quais os avicultores estão passando”, apontou
Santana. “A empresa, de maneira não geral, não acreditava que o
movimento fosse ter essa dimensão, nem que nós estávamos tão bem organizados.
Eles achavam que ia dar meia dúzia de produtores. Eles ficaram surpresos com a
repercussão do ato e a sociedade ficou do nosso lado”, acrescentou.

As ações
coordenadas surtiram efeito. A empresa chamou os produtores para uma nova
rodada de negociações e, no âmbito da Cadec, aprovou os seis pontos que haviam
sido rejeitados no início do ano. Para que isso ocorresse, os produtores também
flexibilizaram os pedidos, chegando a um denominador comum com a agroindústria.
Em relação à remuneração, o preço pago aos avicultores por quilo de frango
saltou de R$ 0,27 para R$ 0,2950. A partir de outubro, os integrados vão receber
R$ 0,30 por quilo. Além disso, os produtores também foram atendidos em demandas
relacionadas a aspectos do alojamento.

“Foi um trabalho
de mais de um ano. Desde março do ano passado, reestruturamos a Cadec e
apostamos na difusão de conhecimento e dos fatos da atividade. Foi preciso que
o produtor tivesse os números em mãos e entendesse como funcionava a
metodologia de pagamento da empresa. Os produtores aderiram de forma muito
forte e esse apoio tem sido determinante para o sucesso das negociações”, disse
Santana.

Referência

Hoje, o Paraná é
referência para o restante do país no que diz respeito à implantação e atuação
das Cadecs. Instituídas a partir da Lei da Integração o (Lei 13.288/2016), as
Cadecs funcionam como um espaço de construção de consenso e que busca o
equilíbrio entra produtores rurais e a agroindústria. O Sistema FAEP/SENAR-PR
tem desempenhado um papel fundamental neste ponto, com a criação de uma
política de estímulo à instalação e consolidação de comissões. Representantes
da Federação têm viajado todas as regiões do Estado, prestando assessorias
técnica e jurídica para a constituição e consolidação dessas estruturas.

“O Estado do
Paraná está adiantado no processo de formação e consolidação das Cadecs. O
Sistema FAEP/SENAR-PR tem apostado nessa sensibilização, de mostrar aos
produtores a importância de se consolidar as comissões, e isso tem feito a diferença. A grande contribuição
dessas comissões é atuar na busca de um ponto de equilíbrio entre os integrados
e os integradores, em uma relação que contribua para a sustentabilidade da atividade”, definiu a
médica veterinária Mariana Assolari, técnica do Sistema FAEP/SENAR-PR.

Cada unidade
produtiva da integração deve instituir sua própria Cadec, que é composta de
forma paritária: até 10
produtores rurais e até 10
representantes da indústria. Na avicultura, são 20 Cadecs já constituídas. Em algumas dessas
comissões, como a instituídas em algumas unidades da JBS, BRF e do Grupo Vibra, o diálogo entre
produtores e agroindústria vêm avançando de forma satisfatória. Algumas
empresas, no entanto, como o grupo GTFoods, as negociações têm encontrado
obstáculos e o
funcionamento da CADEC não atende aos preceitos legais em sua totalidade.

“Não existe resultado imediato ou
avanços substanciais em curto espaço de tempo. É uma construção coletiva que
depende de união, disciplina, colaboração e dedicação de todos os envolvidos
para a consolidação das CADECs”, apontou Mariana.

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Fonte: Sistema FAEP



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