Os alimentos vegetais produzidos no Brasil são seguros para consumo, concluiu o estudo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre a presença de resíduos de agrotóxicos, divulgado nesta terça-feira, 10. A pesquisa mostrou que apenas 0,89% das amostras coletadas entre entre agosto de 2017 e junho de 2018 podem representar risco agudo à saúde humana.
O pesticida carbofurano foi responsável por 90% dos casos de risco agudo, sendo que parte das amostras podem ter sido coletadas antes de sua proibição pela Anvisa, em abril de 2018. Segundo o adjunto de diretor da Anvisa, Bruno Rios, o órgão já registrou decréscimo no uso do produto em relação ao levantamento anterior.
“O índice para alimentos como a laranja era de 12% e passou para 7%”, diz.
Segundo o chefe da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Morandi, podem se tratar de produtores que já haviam comprado o produto antes do fim da comercialização.
“É um produto bastante específico e a tendência é de que a presença dele desapareça nos próximos estudos”, afirma.
Rios afirma que quando se traduz esta avaliação em riscos, o Brasil apresenta índices compatíveis com a Europa.
“Claro que pode ser melhorado, o ideal é que seja zero. Mas, de fato, os produtos são extremamente seguros”.
Afinal, o que diz a pesquisa?
Foram coletadas 4.616 amostras de 14 produtos, sendo eles abacaxi, alface, arroz, alho, batata-doce, beterraba, cenoura, chuchu, goiaba, laranja, manga, pimentão, tomate e uva.
Desse total, 49% não apresentaram resíduos dentre os agrotóxicos pesquisados e outras 28% ficaram dentro de parâmetros estabelecidos, considerando o limite máximo de resíduos (LMR) aprovado pela Anvisa.
Outros 23% das amostras apresentaram inconformidades, sendo que a maioria (17,3%) apresentou exclusivamente detecção de ingrediente ativo não permitido para a cultura (NPC). “Muitas vezes o produtor não tem um agrotóxico disponível no mercado, e não é um problema só no Brasil”, afirma Bruno Rios.
De acordo com Morandi, tratam-se de Culturas com Suporte Fitossanitário Insuficiente (CSFI), também chamadas de minor crops.
“É um problema, porque o correto é que o produto esteja devidamente registrado, até para avaliação e acompanhamento, mas é uma inconformidade que representa risco menor à população, porque são produtos já conhecidos e aplicados dentro do LMR”, diz.
A própria Anvisa destaca, no estudo, que as inconformidades não implicam necessariamente em risco à saúde humana.
Limite máximo de resíduos
Morandi explica que o LMR é calculado a partir do levantamento de todas os alimentos em que determinada molécula pode ser usada.
“Leva-se em consideração a média de consumo desses alimentos na dieta do brasileiro e se determina o limite máximo”, diz.
Morandi diz que dentro do cálculo do limite máximo de resíduos existe uma margem de segurança em relação à dose a partir da qual a presença do produto pode causar problemas à saúde humana.
“Mas uma vez estabelecido, o LMR não deve ser ultrapassado”.
E o restante das amostras?
As demais situações de inconformidade incluem as detecções de ingrediente ativo em concentração acima do LMR (2,3%), ingrediente ativo proibido no país (0,5%) ou amostras com mais de um tipo de inconformidade (2,9%).
Opinião do setor produtivo
Christian Lohbauer, presidente-executivo da CropLife Brasil, entidade formada por empresas de pesquisa e desenvolvimento de produtos para o agronegócio, elogiou o estudo da Anvisa.
“O relatório foi feito de forma muito competente e comprova que o alimento que o brasileiro consome é absolutamente seguro. As pessoas não precisam ter medo”, afirma.
Fonte: Canal Rural