Segundo principal destino das exportações gaúchas do agronegócio, a União Europeia é parceira do Rio Grande do Sul principalmente na compra de soja (37% do total exportado ao bloco), fumo (32,7%) e carnes (19,9%). Atrás apenas da China, o bloco europeu foi comprador de 14,9% das vendas externas do setor produzidas no Estado em 2015. Desse total, o Reino Unido respondeu por pouco mais de 6% das compras no ano passado.
— Mas certamente, na prática, essa participação é bem maior. Isso porque nem sempre os produtos entram pelos portos dos países de destino — explica Sergio Leusin Júnior, economista do Núcleo de Estudos do Agronegócio da Fundação de Economia e Estatística (FEE).
No Reino Unido, mais de 70% das importações do Rio Grande do Sul são de produtos de origem animal – prevalecendo a carne bovina e de frango. Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra destaca que o Brasil já tem mercados fidelizados para a carne de frango dentro da União Europeia – que em 2015 importou 407 mil toneladas, das quais 20% para o Reino Unido. O volume representou 8% do total as exportações brasileiras do setor.
— Hoje temos cotas de tarifa zero dentro do bloco europeu. Se isso for mantido após a separação, poderemos aumentar as cotas para a União Europeia e, ainda, continuar atendendo os países do Reino Unido — projeta Francisco Turra, presidente da ABPA.
Outra possibilidade, acrescenta Turra, é a abertura de mercados para a carne suína, já que os ingleses se mostraram favoráveis à possibilidade devido à menor emissão de gases de frangos brasileiros. Com a saída do Reino Unido da União Europeia também podem crescer as chances do acordo de livre comércio com o Mercosul.
— A França sempre foi contra ao acordo, justamente por conta do setor agrícola. Agora independente, o Reino Unido poderá tomar a decisão sem a influência da União Europeia — avalia o economista da FEE.
Fonte: Zero Hora