Assim como a chuva foi farta e contribuiu para o desenvolvimento da planta, o excesso de umidade aumentou a incidência da ferrugem asiática (Phakopsora sp) e obrigou os agricultores a aumentarem o número de aplicações de fungicidas e consequentemente os custos de produção também cresceram.
– Estamos entrando com a 5ª aplicação, aplicando de 10 em 10 dias, se passar disso perde a lavoura, e sempre misturando dois produtos, porque um só não está segurando – revela o agricultor Marco Antônio Ottoni do Santo do Jacuí.
De acordo com o engenheiro agrônomo da Três Tentos Agroindustrial, Matheus Alegretti de Oliveira (de branco na foto), na região de Santa Bárbara do Sul a severidade da ferrugem asiática aumentou muito neste final de safra, causando prejuízos aos produtores.
– Além da ferrugem, agora no final de ciclo é preciso ficar atento, principalmente, ao controle de percevejos que são pragas que podem prejudicar no enchimento, peso e qualidade do grão – aconselha o agrônomo.
Na região das Missões o técnico agrícola da Viera Agrocereais, Valter José Seibert, estima que 60% das lavouras estão excelentes, mas 40% sofreram algum dano por causa da ferrugem e de outros fatores.
– 20% são lavouras com uma projeção de rendimento um pouco abaixo visto que faltou um pouco de chuva e o agricultor não controlou bem a ferrugem e a lagarta. Os outros 20% devem apresentar perdas de até 25% em função da seca e da ferrugem asiática – calcula.
No norte do Estado, em Passo Fundo, o supervisor de insumos da Cereais Rostirolla, Tiago Oliveira da Rosa, acredita que a produtividade média no município não ultrapasse os 55 sacas/ha, principalmente por causa da doença que é a inimiga nº 1 da planta neste ano.
– No final do ciclo, o ataque severo de ferrugem asiática vai comprometer o enchimento de grãos – avalia o técnico agrícola.
– Vamos partir para a 4ª aplicação de fungicidas e em uma variedade de ciclo mais longo, talvez vamos ter que fazer cinco aplicações – relata o produtor de Tapera, Gilmar Batistela.
O agricultor de Quinze de Novembro, Nelson Braatz (de azul na foto), utilizou uma estratégia para combater a ferrugem: entrou na lavoura com o pulverizador no horário das 18h às 8h.
– Nunca tivemos tanta pressão de ferrugem. Passei muitas noites pulverizando, porque durante o dia era muito vento e altas temperaturas – explica Nelson.
Algumas lavouras na região de Quinze de Novembro vão apresentar perdas de potencial produtivo – são casos em que a produtividade poderia ficar entre 70 e 80 sacas/ha, mas o atraso na 1ª aplicação de fungicida comprometeu as demais aplicações.
– É preciso reforçar a importância das duas primeiras aplicações. Teremos perdas em função da ferrugem, do Oídio e de doenças de final de ciclo – alerta o engenheiro agrônomo da Löser Cereais, Gerson Schiavo (de chapéu na foto).