O presidente da Ambev, Bernardo Paiva, atribuiu a alta de preços promovida no primeiro trimestre de 2016 a perda de participação de mercado em cerveja registrada pela companhia. De acordo com ele, a Ambev liderou alta de preços no setor com um reajuste “não usual” para ofuscar alta de impostos. Paiva afirmou que o primeiro trimestredo ano normalmente não é bom para altas de preço e que isso não costuma ocorrer, mas disse que o reajuste neste ano foi feito para compensar a alta de impostos estaduais.
Diversos Estados elevaram ao final do ano passado as alíquotas de ICMS para cerveja.
- Fizemos o aumento de preço porque tivemos alta nos impostos estaduais no ano passado e, como a companhia que lidera o mercado, lideramos o ajuste de preços – comentou. – No momento em que lideramos essa alta de preços, perdemos o market share – acrescentou.
O vice-presidente financeiro e de relações com investidores da companhia, Ricardo Rittes, afirmou que a companhia mantém sua estratégia de reajustar preços em linha com a inflação e de repassar ao preço final qualquer impacto de altas de tributos.
Apesar da alta de preços, Paiva afirmou que a estratégia da companhia é apostar no crescimento de embalagens de vidro retornáveis. De acordo com ele, as vendas de cerveja em garrafas retornáveis têm crescido nos canais de supermercados, onde ainda não eram tão comuns. Como essas embalagens têm um custo final menor para o consumidor, a Ambev considera que esse seja o caminho para competir num cenário de maior sensibilidade a preço e redução da renda disponível dos consumidores, disse Paiva.
Como resultado dessa estratégia de maior venda em retornáveis e da queda de volumes, as receitas provenientes das vendas de cerveja no Brasil caíram 4,6%, alcançando R$ 5,309 bilhões no trimestre, apesar dos aumentos de preço. No indicador de receita líquida por hectolitro (ROL/hl), a alta foi de 6%, abaixo da inflação do período.Rittes destacou, porém, que, embora a venda de retornáveis traga uma receita nominal mais baixa, a embalagem oferece custos mais vantajosos para a Ambev. De acordo com ele, a maior penetração das embalagens retornáveis é positiva para as margens da companhia.
Recuperação
Após uma queda de 10% no volume de cerveja vendido no Brasil no primeiro trimestre de 2016 ante igual período de 2015, a Ambev enxerga uma recuperação pela frente. Segundo Bernardo Paiva, o comportamento dos volumes em abril foi “muito melhor” do que o observado no primeiro trimestre de 2016.
Paiva considerou que a companhia enfrenta um cenário macroeconômico desafiador no Brasil e afirmou que a empresa “não está satisfeita com os resultados fracos”. Apesar disso, ele afirmou que a fabricante de bebidas está se guiando pelos seus objetivos de longo prazo.
- O cenário macroeconômico continua adverso e não esperamos alívio, mas os volumes em abril estão muito melhores – comentou.
O executivo disse que, além do ambiente macroeconômico, a Ambev perdeu participação de mercado no trimestre, mas considerou que já está ocorrendo uma recuperação.
- A indústria como um todo está melhor e a recuperação da participação de mercado está em andamento. É por isso que tivemos volumes melhores em abril – declarou Paiva.
Paiva considerou que a companhia teve efeitos contrários “temporários” no Brasil, como o fato de o carnaval ter ocorrido mais cedo este ano.
- Todo ano em que o carnaval ocorre mais cedo, temos um primeiro trimestre mais fraco, porque o carnaval marca o final do verão no Brasil – justificou o executivo.
Fonte: Globo Rural