Apesar do preço do milho estar abaixo do praticado há um ano atrás, os produtores que apostaram na cultura neste inverno têm o consolo da boa produtividade das lavouras. O início dos trabalhos no Paraná e em Mato Grosso, principais produtores do país, aponta para rendimentos acima do esperado pelos órgãos estaduais de agricultura. Em ambos os estados, as marcas iniciais são superiores a 6 mil quilos por hectare, reflexo do clima favorável dos últimos meses, com chuva na medida certa, mesmo em área plantadas fora da janela ideal.
- Se os preços não estão ajudando, o clima está bom. Mesmo assim, os produtores estão empatando o custo de produção e lucro. Agora irá começar a comercialização de maneira mais forte e existe o risco do preço cair mais – ressalta Pedro Loyola, economista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep).
Com aproximadamente 10% da área total colhida — 1,89 milhão de hectares, exatamente a mesma da temporada passada –, o Paraná registra rendimentos que permitem projetar uma safrinha acima dos 10,3 milhões de toneladas, como prevê Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Caso a marca seja ultrapassada, será a maior produção de milho da história do Paraná na estação fria.
Na propriedade de Sidney José Borzatto, em Campina da Lagoa, no Oeste do estado, metade dos 25 hectares dedicados ao milho foi colhido. A marca de quase 7 mil quilos por hectare surpreende o próprio produtor, que ainda torce por preços melhores. Até o momento, ele vendeu 30% da safra ao preço de R$ 23 a saca (60 kg) para honrar os compromissos assumidos no plantio.
- O clima ajudou e a colheita está ótima. Mesmo assim, esperávamos uma política de preço melhor por parte do governo, pois o produto está sem valor. O restante da colheita será armazenado para aguardar cotação melhor – resume Borzatto.
Em Mato Grosso, com cerca de 2% da área total colhida, a média de produtividade está na casa dos 6,7 mil quilos por hectare, 15% superior ao índice registra no início da safrinha passada. De acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), o estado dedicou quase 3 milhões de hectares para o cereal de inverno, área 8% menor em relação à temporada anterior, e que pode render ao estado 17,8 milhões de toneladas.
Com a produtividade acima do esperado, o mercado revisa para cima a estimativa nacional. A consultoria FCStone elevou o número da produção total de milho da safra 2014/15 para 80,19 milhões de toneladas, sendo 50 milhões (t) no inverno.
Fonte: Gazeta do Povo