As exportações de soja do Brasil, maior exportador mundial, deverão atingir 70,5 milhões de toneladas em 2019, apontou nesta segunda-feira a Agroconsult, que até março projetava 67 milhões de toneladas para os embarques no ano.
O aumento na projeção ocorre com o Brasil tirando proveito de questões ainda não resolvidas na disputa comercial entre os Estados Unidos e a China, o maior importador da oleaginosa.
Quando houve uma trégua na guerra comercial, os chineses compraram 14 milhões de toneladas de soja norte-americana, como sinal de boa vontade nas negociações, mas uma parte do volume adquirido pelos chineses ainda não foi embarcada, e as negociações entre as duas maiores economias azedaram novamente.
“Tem 5 a 6 milhões de toneladas de soja dos EUA que ainda não foram embarcada para a China”, disse o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, citando indicações no mercado sobre riscos de cancelamentos de embarques.
Além disso, o plantio da safra dos EUA está sofrendo com um plantio histórico, o que elevou os preços da commodity, favorecendo vendas de produtores no Brasil.
Na temporada passada, o Brasil foi fortemente beneficiado pela disputa comercial entre EUA e China, que resultou em exportações recordes brasileiras, de cerca de 84 milhões de toneladas.
Apesar das exportações de soja maiores que o esperado inicialmente, em um momento em que a China reduziu sua demanda por conta do impacto da peste suína africana, o analista não considera que o Brasil terá problemas logísticos no segundo semestre, quando os embarques de milho deverão ser recordes.
O Brasil, segundo exportador global de milho, exportará um volume de 38 milhões de toneladas do cereal em 2019, com o produto nacional mais competitivo que o dos Estados Unidos, em um ano em que os brasileiros estão colhendo uma safra gigantesca e os norte-americanos enfrentam atrasos históricos no plantio, avaliou nesta segunda-feira a Agroconsult.
“O que vai acontecer com essa exportação mais robusta é que vamos ocupar mais a logística disponível. Não vemos problemas até agora. A capacidade estará mais preenchida”, disse ele.
Embora a Agroconsult tenha elevado sua projeção de exportação, deixou estável a previsão de safra em 118 milhões de toneladas.
A consultoria tem uma estimativa superior à das principais associações do setor, a Abiove e a Anec, dos exportadores de cereais, que projetam 68,1 milhões e 65 milhões de toneladas, respectivamente.
Segundo o assistente executivo da Anec, Lucas Brito, a Agroconsult já deve estar considerando “o real impacto da peste suína africana, a manutenção da guerra comercial e também perdas na safra norte-americana de soja”, que vão influenciar preços e poderiam favorecer as vendas do Brasil.
“São fatores que ainda não podemos mensurar, por isso estamos sendo mais conservadores”, comentou Brito, ponderando ainda que o tamanho da safra do Brasil seria um limitante para embarques de 70 milhões de toneladas.
Exportações de milho e soja maiores do que o esperado, em meio a problemas na safra dos Estados Unidos, trazem boas perspectivas para o plantio da nova safra brasileira, que deverá começar em setembro, destacou ainda a Agroconsult.
Fonte: Reuters