Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), o Brasil produziu, no primeiro semestre deste ano, um total de 33,3 milhões de toneladas de rações animais, registrando um aumento de 3,2% em relação ao mesmo período de 2015.
Apesar do avanço, a avaliação do Sindirações é que a demanda por rações deve arrefecer no segundo semestre, principalmente por conta da redução do ritmo das cadeias produtivas de aves e suínos, prejudicadas pelo alto custo dos insumos utilizados na produção e pelo apertado orçamento que limita a capacidade de compra do consumidor doméstico.
VARIAÇÃO NOS ÍNDICES DE CUSTO
A escalada do preço do milho, somada à subida do farelo de soja (notadamente no segundo trimestre), desmotivou a engorda de bois e a alimentação preparada do rebanho leiteiro, muito embora os produtores de aves e suínos tenham continuado a apostar no alívio do custo desses principais insumos até o final do primeiro semestre.
FRANGOS DE CORTE
O produtor de frangos de corte demandou 16,8 milhões de toneladas de rações de janeiro a junho, um avanço de 4,2%, em resposta ao alojamento de pintainhos, que crescia 4,7% até maio, e à vigorosa exportação de carne de frango, favorecida pelo câmbio e novas oportunidades globais. O pequeno alívio no custo de produção e a revalorização do Real, combinados à fragilidade do consumo doméstico, devem desestimular a intenção de alojamento, reduzir a produção de carne e consequentemente a demanda de ração durante o segundo semestre.
POEDEIRAS
A produção de rações para galinhas de postura, por sua vez, somou 2,6 milhões de toneladas e avançou 2%, em resposta às oportunidades de exportação e campanhas de incentivo ao consumo doméstico de ovos, embora o alojamento das pintainhas já tenha sofrido redução durante o segundo trimestre, devido ao custo ainda elevado dos insumos para produção e da crise econômica que desafia o orçamento familiar dos brasileiros.
SUÍNOS
A forte recuperação das exportações de carne suína e a maior procura do consumidor doméstico em virtude do alto preço da carne bovina potencializaram os abates. Em contrapartida, a pressão do custo da alimentação à base de milho e farelo de soja conduziu à terminação de animais mais leves e culminou na produção de 7,9 milhões de toneladas de ração durante o primeiro semestre. Embora as festas de fim de ano tendam a estimular o consumo de carne suína, o persistente alto custo da alimentação animal e a consistente redução do poder de compra do consumidor local podem inibir os abates e a oferta de carne suína, resultando em menor produção de rações durante o segundo semestre.
GADO DE CORTE
Durante o primeiro semestre, a oferta foi restrita em virtude do retrocesso nos abates e da redução no peso das carcaças, a arroba permaneceu valorizada e o patamar de preço incomodou bastante o bolso do consumidor, apesar da preferência nacional pela carne bovina. O alto custo da alimentação para os regimes de confinamento e recria/engorda e a dificuldade da reposição devido ao preço do bezerro frustraram as expectativas e redundaram na demanda de 1,18 milhão de toneladas de rações, apesar do câmbio bem mais competitivo ter dinamizado as exportações, que avançaram 12%, de janeiro a junho. Contudo, a pequena margem dos frigoríficos continua pressionada pela dificuldade dos repasses ao varejo em função do baixo escoamento interno. A sustentação do preço da arroba, o alívio no preço da reposição e a recente abertura do mercado americano para a carne brasileira in natura, parecem não ser o suficiente para reverter o retrocesso na demanda por rações/concentrados no segundo semestre.
GADO LEITEIRO
Durante o primeiro semestre, os laticínios encontraram grande dificuldade na captação da matéria-prima e enfrentaram forte concorrência, justificada pela oferta enxuta de leite cru, desestimulada principalmente em razão do alto custo dos fertilizantes, dos combustíveis e do milho e da soja, utilizados na alimentação das vacas em lactação. Apesar dos preços recordes pagos pelo leite ao produtor, a demanda por rações alcançou apenas 2,4 milhões de toneladas, muito embora a retomada da rentabilidade possa favorecer a reintrodução da tecnologia e incrementar a demanda por rações/concentrados no segundo semestre.
AQUACULTURA
A demanda de rações para peixes e camarões alcançou 550 mil toneladas e avançou 4,9%, ao longo do primeiro semestre, apesar dos desafios determinados pelo vírus da mancha branca, que teve forte impacto na carcinicultura no litoral cearense, e do despovoamento de tilápias, afetadas pela severa estiagem que comprometeu o açude do Castanhão, dentre tantos outros reservatórios.
CÃES E GATOS
Embora a recessão econômica no Brasil pareça resiliente no curto e médio prazo, a tendência de humanização dos animais de companhia segue firme, já que seus tutores parecem cada vez mais preocupados com a qualidade de vida (saúde e bem-estar) de animais domésticos. Mesmo inserido em um ambiente adverso, o fenômeno antropomórfico pode justificar o avanço da demanda por alimentos industrializados para cães e gatos, que somou 1,22 milhão de toneladas no primeiro semestre.
Sobre o Sindirações – O Sindirações, Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal, foi fundado em 1953, e é hoje o principal representante da indústria brasileira de ingredientes, premix, suplementos, aditivos, rações para animais de produção e alimentos para cães e gatos. Com sede em São Paulo, no edifício da FIESP, a entidade reúne 150 associados – que representam cerca de 90% do mercado comercial de produtos destinados à alimentação animal e é filiado a FEED LATINA, Asociación de las Industrias de Alimentación Animal de America Latina y Caribe e à IFIF – International Feed Industry Federation.
Fonte: Sindirações