Os quase 6% de alta do açúcar na ICE Futures (Nova York) vieram com uma mistura de variáveis nesta segunda-feira (7), mas com praticamente nenhuma colada diretamente aos fatores conjunturais da commodity no mundo. Se fosse só por estes, o açúcar possivelmente teria mais motivos para seguir sua trajetória de baixa do que a boa elevação para 12.65 c/lp (mais 72 pontos) do contrato mais líquido, o março.
Pode até vir a fazer parte da precificação, nos próximos dias, o tempo mais seco e quente nas regiões sucros brasileiras em janeiro, mas por enquanto petróleo em alta, dólar index em queda, fundos comprados tentando reanimar o derivativo que quase rompeu os 11 c/lp e até algumas indústria aproveitando a baixa deram o tom.
O relativo otimismo que tomou conta dos mercados com as declarações positivos dos líderes chinês e americano sobre as negociações para um acordo comercial – e repercutindo nas altas das principais bolsas mundiais e no recuo do dólar index – fez o petróleo ganhar mais espaço, como lembrou Ana Cláudia Cordeiro, da Canex Exportação.
O barril do Brent em Londres ganhou mais 1,5%, circulando nos US$ 58, e trouxe o açúcar de carona.
E com o “ano começando” para valer, Eduardo Sia, da trading Sucden, avalia que o movimento de alta também embute a tentativa de tirarem o produto de níveis muito baratos.
Em paralelo, indústrias mundiais teriam também saído às compras para aproveitarem as pechinchas, já na opinião de Maurício Muruci, da Safras & Mercado.
Diante de preços tão deprimidos, quase rompendo a linha divisória dos 12/11 c/lp, tanto especuladores quanto a economia real vão atrás de ganhos e de reforços em seus estoques, acreditam Sia e Muruci.
Clima
As previsões apontam para tempo seco em janeiro, lembra o trader da Sucden.
E se o açúcar manter alguma consistência nos próximos dias, independentemente do petróleo, talvez venha pelo preço climático. Uma massa de ar quente sobre o Centro-Sul este mês cortará as chuvas e isso daria mais ímpeto a Nova York.
Ainda que o mercado já não estivesse operando tanto de olho no Brasil, tira peso dos vieses de baixa da commodity, diz por sua vez Maurício Muruci.
Índia
Na cesta de notícias ruins do açúcar, além do superávit previsto de aproximadamente 9 milhões de toneladas, pelo lado do USDA, a Índia confirmou mas de 6,5% de alta na produção de açúcar de outubro a dezembro, chegando a 11,05 milhões de toneladas.
“A Tailândia também está adiantada na sua safra”, segundo Ana Cláudia, da Canex.
E ainda com a Índia dando notícias sobre o intenso rumo de plantio já visando a próxima safra.
Fonte: União dos Produtores de Bioenergia