O Departamento de Agricultura e Zootecnia dos Estados Unidos (USDA) autorizou a comercialização de uma nova variedade de algodão que é comestível. Desenvolvido pela Universidade do do Texas A & M, o produto é o caroço de algodão moído em farinha e fonte de proteína. “Mais de meio bilhão de pessoas em todo o mundo podem ter acesso a uma nova forma de proteína, e nossos agricultores poderão ganhar uma vida melhor”, disse John Sharp, chanceler da Texas A & M.
Financiado pela empresa Cotton Incorporated, o projeto foi liderado por Keerti Rathore biotecnólogo de plantas da faculdade por mais de duas décadas. Ele e sua equipe desenvolveram uma planta de algodão transgênico, chamada TAM66274, com níveis baixos da toxina gossipol, encontrada na semente.
“O gossipol nas folhas e nos caules da planta do algodão impede o estabelecimento de pragas, mas a sua presença na semente não serve para nada”, disse Tom Wedegaertner, diretor de pesquisa e marketing da Cotton Inc. “O uso difundido do caroço de algodão como alimento para o gado e até mesmo para consumo humano tem sido frustrado pelos níveis naturais de gossipol na semente. À medida que avançamos na revisão regulatória, a capacidade de utilizar o potencial de proteína na semente fica mais próxima.”
Segundo o pesquisador Rathore, o gosto do algodão comestível será parecido com o do homus, pasta feita com grão-de-bico. O novo produto ainda precisa ser aprovado pela agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (FDA). A Universidade Texas A & M espera que uma decisão saia nos próximos meses.
Para Rathore, os países produtores de algodão podem obter grandes benefícios utilizando a proteína derivada de sementes como alimento para aves, suínos ou na aquacultura. “Percebi o valor para os agricultores porque tal produto pode melhorar a renda sem qualquer esforço extra”, ele afirmou. “Tal produto também pode ser importante do ponto de vista da sustentabilidade, porque os agricultores produzem fibras, rações e alimentos na mesma safra.”
O pesquisador ainda explicou que para cada quilo de fibra de algodão, a planta produz cerca de 1,6 kgs de sementes.
“Os grãos da semente podem ser moídos em pó de farinha após a extração de óleo e usados como um aditivo de proteína em preparações alimentícias ou torrados e temperados como um lanche”, ele comentou. “Nossa abordagem, baseada na remoção de um composto tóxico natural da semente de algodão, não só melhora sua segurança, mas também fornece um novo meio para atender às necessidades nutricionais da população mundial.”
Fonte: Globo Rural