Com o fenômeno La Niña dando as caras no Rio Grande do Sul, o termômetro de alerta do produtor subiu. Mas está longe, por ora, de trazer pânico às lavouras. Especialistas afirmam que trata-se de versão moderada. Na prática, significa menor duração e intensidade do evento conhecido pela escassez de chuva no sul e excesso de precipitações no nordeste do país.
_ Como não promete ser forte e de longa duração, temos efeitos mais brandos do que um La Niña clássico. Há um quadro de diminuição da frequência da chuva, mas não a ausência total dela. Teremos períodos de estiagens entre janeiro e fevereiro, mas não devem ser prolongados _ explica Graziella Gonçalves, meteorologista da Somar.
Para Jossana Cera, consultora em agrometeorologia do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), o grande problema é que não se sabe quando e onde essa chuva vai acontecer.
_ É o que traz risco _ pondera Jossana, para quem o fenômeno não está completamente configurado.
O meteorologista Glauco Freitas lembra, no entanto, que nem sempre o La Niña provoca seca prolongada. Estudo do pesquisador Ronaldo Matzenauer, da extinta Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária, mostrou que, nas 12 safras sob influência do El Niño, a produtividade da soja foi exatamente igual à dos 13 ciclos com La Niña. A pesquisa teve como base resultados de 38 safras, de 1974 a 2012, cruzando diferentes condições climáticas de cada período. O levantamento apontou ainda que o maior risco para soja e milho estava em anos de neutralidade.
Cultura com grande sensibilidade à falta de umidade, o milho começa a entrar no período de colheita em janeiro _ já há, segundo a Emater, 2% de área colhida. Para Ricardo Meneghetti, presidente da Associação dos Produtores do grão no Estado (Apromilho-RS), não é o clima sozinho que deixa o produtor em alerta. É a combinação de eventuais perdas decorrentes da falta de chuva com a menor área da história:
_ Pelo que temos conversado com os produtores, a redução é bem maior do que os 13% projetados por entidades. Poderemos ter área
20% menor. Isso, somado a perdas de produtividade, é que preocupa.
Fonte: Gaúcha ZH