Empresários e representantes do agronegócio sinalizaram uma expectativa otimista para o ano que vem. Em enquete realizada durante a cerimônia de entrega do Prêmio Melhores do Agronegócio, promovido pela Revista Globo Rural, em São Paulo (SP), a maior parte dos presentes manifestou a intenção de pelo menos manter ou aumentar investimentos.
Na consulta, feita por meio de votação eletrônica, 51,9% disseram que vão investir mais em 2019. Outros 37,4% sinalizaram a manutenção dos atuais níveis. Redução de investimentos foi o cenário indicado por 19,7% dos participantes.
“Essa intenção de aumentar investimentos é natural. Tem que estar um ambiente muito ruim para não investir mais”, avaliou o sócio diretor da consultoria Agroconsult, André Pessoa, que participou de um talk show sobre expectativas para o setor em 2019.
“Quem está aqui está investindo”, acrescentou, também durante o talk show, o vice-presidente de Agronegócio do Banco do Brasil. “Quem falou em manter investimentos é porque também está investindo, o que é positivo”, acrescentou.
Os participantes da premiação também demonstraram otimismo, apostando em crescimento da economia brasileiras no ano que vem. Para 20,4% dos que responderam a enquete, o Produto Interno Bruto (PIB) deve aumentar mais de 2%. Outros 27,4% esperam aumento de 2% e 37,8% acreditam em 1% de expansão.
Nos cenários mais pessimistas, 12,9% responderam acreditar em crescimento de apenas meio por cento no PIB nacional. Para 1,5%, a economia deve estagnar no ano que vem.
Em relação ao dólar, 12% dos participantes indicaram acreditar em uma cotação acima de R$ 4 em 2019. A maioria, 67,9%, acredita em uma taxa de câmbio de R$ 3,50. Para 16,3%, a moeda americana deve valer R$ 3 e para 3,8%, R$ 2,50.
Os participantes da enquete responderam também qual é o principal desafio do agronegócio. Para 44,9%, é a reforma tributária. Outros 40,8% indicaram ser logística e infraestrutura. Para 9,2% o maior desafio do setor é a segurança jurídica e para 5,1% o crédito.
Agro é prioridade
Para André Pessoa, o momento atual do Brasil traz a oportunidade de desenvolver um novo projeto de país. E nenhum projeto, na avaliação dele, deixará de ter o agronegócio entre as suas prioridade. O setor continuará, a exemplo dos últimos ano, a ser protagonista no país.
“Estou otimista. Vamos viver um período de grande entusiasmo e vontade de acertar. O que a gente pode esperar é que será dada uma oportunidade de trabalhar mais e será cobrada uma contribuição maior”, disse Pessoa.
O consultor ressaltou, no entanto, que o mercado agrícola ainda traz desafios e incertezas para o setor no Brasil. A guerra comercial entre Estados Unidos e China, por exemplo, coloca o país em uma condição vantajosa para o agro brasileiro. Por outro lado, reforça a necessidade de investimentos para garantir o abastecimento do país asiático, maior demandante global.
Pessoa lembrou ainda que a formação do preço da soja no Brasil está prejudicada pela atual situação do mercado e também pela incerteza relacionada ao custo interno do frete. O consultor chamou a atenção também que a liquidez dos contratos do grão está migrando e o Brasil tem que ficar atento.
“Teremos que fazer um esforço para criar um contrato Brasil porque essa liquidez está saindo de Chicago e indo para a China. E podemos ter desdobramentos indesejados, especialmente no barter (troca de produtos por insumos). Sem a clareza do ponto de vista do comprador, fica difícil oferecer a ferramenta para a cadeia produtiva”, afirmou.
Não faltará dinheiro
Reforçando a expectativa otimista para o ano que vem, o vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Tarcísio Hubner, garantou que não faltarão recursos para financiar o setor. O que já está mudando e deve mudar ainda mais são as fontes de financiamento.
“Não faltarão recursos para o setor. É uma atividade que se mostrou altamente viável e percebemos que todas as instituições financeiras estão interessadas. Pode ter um ajuste de funding, o que é importante para atender também os pequenos”, afirmou, destacando que a carteira de produtores rurais de menor porte do banco é de R$ 45 bilhões.
Segundo Hubner, outras fontes de recursos para crédito rural, como a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), estão ganhando mais importância que as tradicionais. E a tendência é o mercado ir se ajustando a esse novo perfil do funding do agronegócio.
“Aprendemos a trabalhar com todos os tamanhos de produtores. O agronegócio é uma atividade que está dando certo, é uma competência do Brasil e que deve ser reconhecida”, disse o executivo.
Fonte: Globo Rural
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