Foi um ano de
recordes. Mesmo atravessando uma pandemia que impôs uma série de restrições e
de desafios logísticos, o agronegócio do Paraná terminou 2020 tendo exportado
mais de 28,7 milhões de toneladas: 8,6% mais em comparação ao ano anterior e o
maior volume embarcado em sua história. Em uma pauta de exportação bastante
diversificada, os produtos agropecuários paranaenses chegaram a 203 territórios
ou países – ou seja, praticamente ao mundo todo. Em volume, os principais
destaques foram os produtos do complexo soja, carnes, produtos florestais e o
complexo sucroenergético.
A curva do
histórico de exportações do agro paranaense também chama a atenção. Em duas
décadas, o volume embarcado deu um salto enorme, equivalente a 181%, partindo
das 10,2 milhões de toneladas comercializadas em 2000. Nos últimos quatro anos,
a partir de 2017, o Paraná obteve os melhores desempenhos, com as exportações
agropecuárias fechando cada ano acima das 26 milhões de toneladas enviadas a
outros países.
Em relação à
arrecadação, o agro paranaense atingiu cifras expressivas em 2020: as
exportações do setor ultrapassaram a casa dos US$ 13,2 bilhões – que
correspondem a 13,2% do total de embarques do setor brasileiro ao longo do ano
passado. Em dólares, o Paraná já havia atingido um patamar mais elevado em
2018, quando as vendas externas totalizaram US$ 14,3 bilhões. Em reais, no
entanto – com a cotação média do dólar em R$ 5,15 em 2020, ante R$ 3,65 em 2018
– as exportações do agro paranaense bateram mais um recorde: R$ 68 bilhões.
“Apesar de ter
sido um ano difícil, com pandemia de novo coronavírus, conseguimos manter as
nossas cadeias funcionando. Mesmo com os desafios, a produção e a logística não
deixaram de funcionar, atendendo a demanda internacional, com qualidade e
preço”, afirma o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette.
“O resultado do
setor foi fantástico. Graças ao agro, o Brasil tem uma balança comercial
superavitária. No Paraná, não foi diferente. Se não fosse o setor agropecuário,
teríamos tido déficit comercial, com a balança negativa”, observa Luiz Eliezer
Ferreira, do Departamento Técnico Econômico (DTE) do Sistema FAEP/SENAR-PR.
Destinos
Embora os
produtos agropecuários do Paraná cheguem a todo o globo, alguns países
continuaram a se destacar como nossos mais importantes parceiros comerciais.
Mais uma vez, a China ampliou suas compras externas, se consolidando como
principal importador do agro paranaense.
No ano passado, 40% do que o setor produziu tiveram como destino o
gigante asiático. Apesar de a “cesta de compras” diversificada, o apetite
chinês se voltou sobretudo à soja. O país importou 70% de toda a soja embarcada
pelo Paraná: US$ 4,2 bilhões.
“A concentração
de compras da China é imensa em soja em grão. Eles têm o maior parque de
processamento do mundo, com capacidade para processar 148 milhões de toneladas
por ano, mas só produzem 14 milhões de toneladas. Por isso, as vendas de
produtos do complexo soja para a China são essencialmente grão”, diz Ferreira.
No ranking dos
principais importadores de produtos do agro do Paraná aparecem Estados Unidos,
em segundo lugar, consumindo 6,3% dos embarques – principalmente, em produtos
florestais, Países Baixos (3,1%), Coreia do Sul (2,6%) e Japão (2,6%). Apesar
de serem consideráveis, as participações desses países na comercialização
externa de produtos paranaenses evidenciam a importância da China.
“A participação
da China vem aumentando ano a ano. Temos que ficar de olho em tudo que acontece
lá, na reação deles à pandemia, porque tudo lá tem impacto direto ao agro do
Paraná”, analisa Ferreira. “E não são só os chineses. Dos 15 principais
importadores dos nossos produtos, seis estão na Ásia”, acrescenta.
Outro fator que
está diretamente relacionado ao aumento do volume exportado pelo Paraná é a
demanda internacional intensificada pela pandemia do novo coronavírus. Ante os
impactos causados pela Covid-19, muitos países tiveram suas cadeias produtivas
afetadas e ampliaram sua demanda por alimentos. Para o agro paranaense, a crise
causada pelo vírus foi uma prova de fogo, que constatou que o setor está pronto
para lidar com condições adversas.
“Nós temos
produtos de qualidade e produção em escala. Mesmo com todos os entraves,
conseguimos suprir o mercado interno e ainda atender o mundo, nessa demanda
internacional crescente. Isso mostra a nossa força”, disse Meneguette.
Paraná ocupa a terceira posição no ranking
Em âmbito
nacional, o agronegócio brasileiro encerrou 2020 exportando o equivalente a US$
100,8 bilhões, o que representa 4,1% a mais do que o arrecadado com as vendas
externas em 2019. O agro foi o responsável por quase a metade (48%) das
exportações do país, considerando todos os setores.
Mais uma vez, o
Paraná se manteve em terceiro lugar no ranking de exportações do agronegócio.
Os embarques paranaenses representaram 13,1% do total exportado pelo agro
brasileiro.
“Mais uma vez,
cumprimos nosso papel. Apesar de termos chegado ao limite de nossa fronteira
agrícola, nossos produtores têm apostado em tecnologia para produzir com
qualidade e eficiência. Somos um estado de excelência e nosso setor rural é um
dos principais pilares da nossa economia”, diz Ágide Meneguette, presidente do
Sistema FAEP/SENAR-PR.
No topo da lista,
aparece São Paulo, que respondeu por 17,7% das vendas externas – impulsionadas
pelos setores sucroenergético, carnes e sucos. Em seguida, vem o Mato Grosso,
com 17%, puxado pelo complexo soja.
Complexos soja e sucroenérgico sobem, carne diminui
Com pouco mais de
US$ 6 bilhões arrecadados, os produtos do complexo soja, mais uma vez, foram o
carro-chefe das exportações do agro paranaense. Ao longo de 2020, o volume
financeiro gerado pelos embarques aumentou 24,6% em relação a 2019. Com esse
desempenho, a soja fechou o ano respondendo por 45,5% das exportações do setor.
Esse movimento foi puxado pela China.
“Os chineses
aumentaram suas compras em razão da demanda, por formação de estoque e por
precaução motivada pela pandemia. Outro ponto que pesou em favor da nossa soja
lá fora foi o câmbio”, aponta Luiz Eliezer Ferreira, do DTE do Sistema
FAEP/SENAR-PR.
Os produtos cuja
exportação mais aumentou, no entanto, foram os do complexo sucroenérgico,
puxados pelo açúcar. Os embarques chegaram a US$ 842 milhões: 40,8% mais que o
exportado em 2019. O subsetor foi beneficiado por uma dinâmica internacional
que envolveu quebra de safra nos principais produtores e, mais uma vez, o
câmbio, que tornou o produto brasileiro mais competitivo.
“Com a quebra em
fornecedores internacionais, quem tinha o produto [açúcar] disponível era o
Brasil. Embora parte da produção sucroenergética tenha sido voltada para o
álcool em gel, 2020 foi um ano marcado também pela queda no consumo do etanol
combustível. As plantas híbridas voltaram sua produção ao açúcar, em razão
dessa conjuntura”, explica o técnico do DTE.
Outro subsetor
que merece destaque é o complexo carnes. O volume exportado caiu 9% em relação
a 2019. Ainda assim, em termos absolutos, o grupo é o segundo que mais faturou
com as vendas externas, ultrapassando a marca dos US$ 2,7 bilhões. O destaque
positivo foi a suinocultura, que ampliou os embarques, principalmente para
países asiáticos, que ainda enfrentam os reflexos de uma crise sanitária
provocada pela ocorrência de Peste Suína Africana (PSA), que dizimou a maior
parte dos rebanhos em países como China, Vietnã e Camboja. “O Paraná tinha
produção em escala para atender a essa demanda”, observa Ferreira.
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Fonte: Sistema FAEP