Em 2015, a inflação oficial brasileira foi de 10,67% e a previsão para 2016 é de taxa entre 6% e 7%. O aumento generalizado nos preços teve impacto nas fábricas de máquinas agrícolas, com o aumento de custos de produção. Além disso, a valorização do dólar fez com que a importação de componentes ficasse mais cara.
Porém, ainda que os custos de produção de maquinário tenham avançado, os fabricantes garantem que não estão repassando essa conta ao consumidor. “A gente mantinha nos últimos três anos basicamente os mesmos preços e, realmente, na virada do ano, houve um reajuste. Mas o ajuste foi mínimo, muito abaixo da inflação. Teve uma variação efetiva de no máximo 4% nos preços”, diz Alexandre Blasi, diretor comercial da New Holland Agriculture.
Em entrevista à Successful Farming, Blasi contou que as margens da New Holland foram pressionadas. “O custo da energia elétrica impactou muito, foi o que mais pesou”, diz o diretor. Porém, segundo ele, a empresa buscou soluções e absorveu os custos. “Não enxugamos operações nem demitimos, mas trabalhamos com férias coletivas. Fizemos cortes de custos desnecessários e investimentos em sustentabilidade, como o reaproveitamento de água na fábrica.”
Caso semelhante ocorreu com a Massey Ferguson. “O reajustes são abaixo da inflação para manter a demanda e para que a gente continue com o produto competitivo”, diz Rodrigo Junqueira, diretor de vendas da Massey Ferguson. “Nós temos hoje um cenário com oscilações de dólar que impactam o nosso produto, mas que também impactam os custos do nosso cliente, no fertilizante, nos defensivos e nas sementes que ele usa para produzir. O ano passado foi bastante desafiador.” Segundo Junqueira, até 20% dos componentes de uma máquina agrícola são importados e há aqueles que são fabricados no exterior. “Obviamente, uma parte dos nossos produtos que são importados sofrem esse efeito”, diz Junqueira.
A John Deere também garante que os preços não tiveram reajuste expressivo. “A nossa estratégia de preços não é focada num momento único. A nossa compra de componentes não é feita da noite para o dia. A gente tem uma visão de longo prazo, para a negociação com fornecedores e a vinda de componentes”, afirma Rodrigo Bonato, diretor de vendas da John Deere Brasil.
Bonato também comentou sobre o impacto do câmbio no caso das máquinas importadas. “A precificação é em dólar e lógico que a gente tem de trazer o valor para o real. Evidentemente, em reais, o produto fica mais caro”, afirmou. Mas, Bonato lembrou que a John Deere também exporta máquinas e peças, negócios que são vantajosos para a empresa com o dólar valorizado. “Buscamos fazer um balanço adequado entre produtos e componentes importados e exportação de máquinas.”
Embora o cenário de crise econômica seja desafiador para a indústria, de acordo com os fabricantes, ele significa uma boa oportunidade para o comprador. “Com uma inflação de quase 11% e taxa selic de 14,25%, uma taxa Moderfrota de 7,5% é equivalente aos juros de 2,5% em 2013. É realmente atrativo. A mensagem que se passa para o produtor é para investir agora, porque essa taxa de juros é boa”, afirma Blasi, da New Holland.
Fonte: Farming
Fonte: Canal do Produtor