A Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) debateu nesta quarta-feira (03) os desafios na cadeia produtiva com o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.
“Esse diálogo tem caminhado de forma positiva, mas precisamos destravar algumas coisas para ter uma cadeia mais firme e coesa”, afirmou o presidente da comissão, Antônio Pitangui de Salvo. “Temos que evoluir e trabalhar de maneira técnica e política para que o setor continue sendo um dos mais importantes da economia brasileira.”
A coordenadora de Relações Internacionais da CNA, Camila Sande, falou sobre os principais pontos firmados entre os dois blocos.
“Esse acordo trará ganhos globais para o setor agropecuário como um todo. Vai beneficiar outras cadeias como fruticultura e lácteos, mas o mais importante é que abrirá portas para outros mercados que são de interesse do agro, como a Ásia.”
Em relação à carne bovina, Camila esclareceu que houve tarifas reduzidas ou zeradas, como na cota Hilton, que estabelece limite e volume para exportação de cortes finos para a União Europeia. Com o acordo comercial, a tarifa de 20% na exportação foi zerada.
“O acordo foi um passo importante para o agro poder avançar nas negociações e ampliar o acesso da carne bovina a outros mercados.”
Para Antônio Pitangui de Salvo, o acordo entre os blocos foi um ganho para o setor e só foi possível graças ao alinhamento do governo.
“Agora é necessário melhorar a imagem do produtor rural lá fora, mostrando que temos a melhor condição animal do mundo e manter o alinhamento técnico com o governo”.
Outro tema destaque da pauta foi a exportação de animais vivos. Ricardo Barbosa, presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Animais Vivos (Abreav), fez uma apresentação em que abordou as Instruções Normativas 46/18 e 15/19 do Ministério da Agricultura, que tratam dos procedimentos técnicos, sanitários e operacionais para exportação de bovinos, bubalinos, ovinos e caprinos para o abate ou reprodução.
“O Brasil tem grande potencial para aumentar as exportações de animais vivos, mas queremos uma legislação mais clara para não gerar dúvidas e passivos para os exportadores,” afirmou.
Segundo Barbosa, hoje o plantel brasileiro é de 220 milhões de cabeças. Em 2018 foram exportados 4,8 milhões de animais vivos, representando apenas 0,36% do rebanho.
A chefe do Serviço de Fiscalização da Superintendência Federal de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso, Janice Barddal, falou sobre as recomendações do Grupo de Trabalho do Programa Nacional de Erradicação da Brucelose e Tuberculose do Mapa.
“A maioria dos estados está atingindo a cobertura vacinal satisfatória, o que indica que o programa de vacinação realmente funciona. Além disso, os estados estão evoluindo na detecção de focos e saneamento de propriedades rurais, principalmente no sul”, destacou. “O importante é que cada estado se debruce sobre seus problemas.”
Janice também elencou algumas propostas para melhorar o programa, como elaborar estratégias institucionais de publicidade e educação sanitária, viabilizar a certificação de propriedades livres de brucelose e tuberculose nas bacias leiteiras do Brasil e manter um estoque de vacinas na Rede de Laboratórios Nacionais Agropecuários (Lanagro).
A Comissão também tratou do Guia de Indicadores da Pecuária Sustentável, que vai analisar faixas da propriedade rural para identificar o quanto a produção é sustentável.
“As iniciativas sustentáveis do produtor trazem oportunidade de ganhos para dentro da porteira, além de atender as expectativas do mercado externo”, afirmou Ana Doralina Menezes, da Associação Brasileira de Angus.
Outro assunto foi o Programa de Benefícios Bem+Agro e a evolução do sistema sindical, temas abordados pelo coordenador do Departamento Sindical da CNA, Wilson Brandão.
Fonte: DATAGRO