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AÇAÍ

Exposição propõe alternativas para segurança de coletores de açaí.

Os peconheiros, como são chamados os coletores de açaí, costumam subir sem proteção nos açaizeiros, que têm em média 15 metros de altura, com um facão preso nas costas e uma folha da palmeira trançada ou um saco plástico enrolado nos pés. Diante das condições precárias de trabalho, a atividade foi considerada uma das mais perigosas do Brasil, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Peabiru, em parceria com o Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região do Pará e Amapá (TRT8).

Devido a crescente demanda comercial pelo fruto, os acidentes de trabalho são cada vez mais frequentes, o que é motivo de preocupação principalmente durante o período de safra, quando são realizadas mais de um milhão de subidas em açaizeiros. 

Considerando que os estados do Pará e Amapá representam mais de 80% da produção brasileira de açaí, e essa atividade envolve, segundo estimativa, mais de 120 mil famílias, um projeto do estúdio de design We design for Physical Culture desenvolveu equipamentos de proteção em parceria com a comunidade de Boa Vista do Acará (PA), para dar mais segurança aos peconheiros durante a coleta.

O resultado da pesquisa de campo das designers polonesas Monika Bauntsch e Dorata Kabala e da brasileira Carolina Menezes, está reunido na exposição ‘Peconheiros’, inaugurada na última terça-feira (11/9) e aberta para visitação até 14 de outubro, no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo.

O projeto desenvolveu protótipos respeitando a maneira tradicional da coleta do açaí, que representa uma tradição cultural importante e também uma significativa fonte de renda para os habitantes da região Norte. Para Leandro Teles e Teles, presidente da Associação de Produtores Orgânicos de Boa Vista do Acará (APOBV), que coordena a colheita e a venda local, as soluções desenvolvidas pelo projeto são muito úteis para os membros da comunidade e, certamente, vão ajudar a melhorar a segurança e a produtividade dos peconheiros.

Com o objetivo de evitar os acidentes de trabalho comuns na atividade da peconha — lesões por ferimentos de faca, por queda de palmeira devido a quebra de troncos, pela perda de controle e consequentemente queda do coletor, além de mordidas de cobra e picadas de insetos —, foram produzidos equipamentos de segurança como o açaí ninja, protetor de pé e tornozelo, o flip&roll, protetores de antebraços, o laço da mata, cinto passante com os laços para pendurar os cachos coletados, a corda da floresta, cadeirinha de proteção para apoiar a colheita de frutas e a bainha D.B., capa para faca utilizada para cortar os cachos do açaí.

Para Monika Brauntsch, a pesquisa de campo foi fundamental para o desenvolvimento do projeto e das soluções para melhorar as condições de trabalho dos peconheiros. 

“O envolvimento da comunidade no processo de design foi importante, não só pela experiência dos peconheiros, mas também para compartilhar a propriedade do projeto”, afirma a designer da fundação Spirit of Poland.

Segundo Dorota Kabala, um dos principais compromissos do projeto foi desenvolver equipamentos de proteção utilizando técnicas de design, sem deixar de respeitar os métodos tradicionais de coleta do açaí. “Procuramos aplicar soluções práticas vindas da escalada, da arboricultura e do design para esportes, ao mesmo tempo que trabalhamos com materiais e técnicas locais. Isso foi crucial para possibilitar a popularização das soluções criadas”, explica a designer do estúdio We Design for Physical Culture.

Serviço
Exposição: até 14 de outubro
Local: Museu da Casa Brasileira – São Paulo
Funcionamento: terça a domingo, das 10h às 18h
Ingressos: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia-entrada); gratuito aos finais de semana e feriados;

Fonte: Globo Rural



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