Imagine um sistema capaz de dizer ao produtor a hora e o local exatos de semear. Esta é a proposta do Safe Seed, o grande vencedor do primeiro Hackathon Smart Agro, realizado durante o fim de semana na ExpoLondrina 2016.
A maratona, que começou na última sexta-feira e terminou na tarde de ontem, reuniu hackers, programadores, desenvolvedores e inventores na criação de soluções tecnológicas para o agronegócio inteligente. Os 80 participantes, divididos em 18 equipes, viraram madrugadas desenvolvendo projetos com potencial para se tornarem negócios. Ao todo, foram exaustivas 40 horas de trabalho.
O consultor do Sebrae, Fabrício Bianchi, explica que participantes de várias regiões do Brasil vieram a Londrina para a maratona. “O grande desafio era resolver problemas do agronegócio por meio da tecnologia”, resume. As equipes, de no máximo cinco pessoas cada, usaram o espaço do Recinto Milton Alcover, dentro do Parque Ney Braga, para pensar e desenvolver os projetos. O trabalho foi tão intenso que um dos participantes chegou a passar mal e precisou ir para o hospital. Mas, felizmente, ele se recuperou rápido e pôde voltar à competição.
Bianchi destaca que 68 mentores, especializados em diferentes áreas – desde Tecnologia da Informação (TI) até Agronegócio -, orientaram os participantes durante a maratona. “A atuação dos mentores foi fundamental para os projetos”, diz. Todas as 18 equipes conseguiram concluir os trabalhos e apresentar suas ideias durante um pitch – apresentação rápida da ideia para conquistar possíveis investidores para o negócio -, que foi realizado na tarde de ontem.
O sócio-fundador da Hub Genial, aceleradora de startups do Norte do Paraná, João Carlos Monteiro, participou do Hackathon como mentor e possível investidor. Ele explica que a empresa procurou instigar os jovens participantes a identificar e validar problemas, para depois transformá-los em negócios. “Todos os projetos criados durante a maratona são ótimos e têm potencial para virar negócio”, garante Monteiro.
PROJETOS VENCEDORES
Os vencedores foram anunciados por volta das 18 horas de domingo. O primeiro lugar, conquistado pelo projeto Safe Seed, rendeu à equipe uma viagem ao Vale do Silício, na Califórnia (EUA), para um passeio em empresas tecnológicas e inovadoras; 50 horas de consultoria com o Sebrae; uma vaga em MBA no Senai; três meses de uso gratuito no Multiplique – Espaço Profissional Compartilhado; uma vaga na Incubadora Internacional de Empresas de Base Tecnológica da UEL (Intuel); além de R$ 5 mil em dinheiro.
O biólogo e engenheiro-agrônomo, Luiz Guilherme Lira de Arruda, um dos membros do projeto vencedor, explica que o sistema criado pelo grupo é baseado no “sensoriamento remoto dos parâmetros agronômicos de campo para a boa instalação da cultura da soja”. Em resumo, ele ajuda o agricultor na tomada de decisão para o plantio. “Indica a hora e o local exato de semear.” Para conseguir levar essa informação ao campo, o sistema faz uma avaliação da umidade e temperatura do solo, lança para a “nuvem” e retorna os dados para o celular do produtor, autorizando ou não a semeadura.
O segundo lugar ficou com a equipe desenvolvedora do Campo Limpo, um aplicativo de celular para registro de incidência de pragas aberto e colaborativo. O cientista da computação e empresário, Pedro Martins Dusso, explica que o diferencial é o compartilhamento das informações. Segundo ele, hoje a maioria dos produtores tem esse registro de pestes, mas não o divide com outros agricultores.
“Às vezes, acabam aplicando o inseticida sem necessidade”, afirma. A criação desse banco de dados compartilhado, destaca Dusso, pode ajudar na prevenção de doenças nas propriedades. Para gerar renda para o negócio, os criadores do Campo Limpo vão focar a atenção nos grandes produtores de insumo.
O projeto Zero Waste ficou com o terceiro lugar. Segundo o engenheiro eletrônico, Jairo Cantillo, trata-se de um sistema que otimiza a logística – entrega e coleta – de ração para animais. “Ele mede a quantidade de alimento que o produtor tem na propriedade e envia só o necessário”, afirma. Esse sistema foi criado especialmente para cooperativas e integradoras a partir de uma demanda real. Com as ideias premiadas, agora os grupos devem se reunir para tirar os negócios do papel.
Fonte: Folha de Londrina – 11/04/2016
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Fonte: Sistema FAEP