As novas tecnologias disponíveis à maior safra de soja do Brasil, que começa a ser plantada neste mês e promete se aproximar de 100 milhões de toneladas, estão exigindo que os produtores façam opções decisivas à lucratividade da agricultura. Escolher a semente tolerante a um determinado herbicida ou a variedade resistente a certo grupo de insetos deixa de ser uma aposta, exigindo conhecimento da própria fazenda e monitoramento do mercado, dizem os especialistas.
Diante das novas tecnologias, que engrossam a lista de alternativas de anos anteriores, uma saída é recorrer à boa e velha caderneta para fazer contas e definir o melhor custo-benefício. A equação, para ser assertiva, precisa considerar fatores como valor da semente, custo de royalty, total de aplicações de defensivos, em números que variam de uma tecnologia para outra.
A produtividade é decisiva, em época de custo de produção inflacionado em função da valorização da moeda norte-americana e reajuste de vários serviços como luz elétrica, combustíveis e juros bancários. E isso só aumenta a importância da semente para cada área, região ou grau de investimento.
- A indicação básica é rotacionar. Usar uma só tecnologia inviabiliza [o ganho de produtividade] no longo prazo. Ainda mais com alta nos gastos como energia, água e combustível. Isso pesa na equação do final do ciclo – ressalta Carlos Alberto Arabal, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Mecanismos
Ao todo, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou 31 sementes (6 de soja, 25 de milho), mostra o Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB).
Na oleaginosa, duas são predominantes (RR1, tolerante a herbicida, e Intacta RR2, resistente a inseto e tolerante a herbicida). No caso do milho, há mais de 20 opções. São 16 só de sementes que combinam tolerância a herbicida com resistência a insetos, aponta a consultoria Céleres.
Mesmo nas áreas em que têm sido registrado intenso ataque de insetos, o produtor pode optar por combater o problema usando inseticidas. Neste caso, o monitoramento das lavouras é determinante no controle de custos, alerta o Instituto Emater. O produtor que monitora as lavouras consegue adiar a primeira aplicação de defensivo do primeiro para o segundo mês do ciclo, conforme o coordenador do setor voltado à produção de grãos, Nelson Harger.
A lucratividade pode vir mais da redução de custo do que de um incremento na produtividade em áreas que estão próximas do teto de rendimento, considera. Em 152 lavouras de soja monitoradas pelo Instituto Emater em 2014/15, houve em média 2,1 aplicações, ante média estadual de 4,8.
4% a 12%
do custo total são relativos a agrotóxicos no Paraná, conforme o Departamento de Economia Rural (Deral), dependendo da opção tecnológica.
11% do custo
de produção da soja – que chega a R$ 3 mil por hectare com alta de até 30% em um ano – referem-se à semente. Índice se mantém, ou seja, o insumo acompanha a elevação dos gastos.
Fonte: Gazeta do Povo