Filha de produtores rurais, Camila Telles tinha nove anos no início dos anos 2000, quando começaram as discussões em torno do uso de sementes transgênicas na agricultura. Na ocasião, ela se irritou com uma professora da escola, que disse que a liberação da tecnologia seria um atraso à sociedade. “Eu levei um pacote de soja transgênica e passei a aula mastigando, na frente dela, para provar que não fazia mal”, contou Camilla, na palestra que proferiu no Encontro Estadual de Líderes Rurais.
O episódio revela a necessidade de o setor agropecuário melhorar a forma como comunica seus feitos e fatos a quem não é da área. Camila se formou em relações públicas, se especializou em marketing digital e trabalhou no Departamento de Comunicação da Confederação da Agricultura e da Pecuária do Brasil (CNA). Passou a se intitular “defensora do agronegócio”, ministrando palestras em que leva sua visão e sua história de vida.
A fama veio em 2019. Após a cantora Anitta ter feito críticas ao setor agropecuário, Camila reagiu. Gravou um vídeo enaltecendo a agricultura e a pecuária, a partir de uma paródia de uma das músicas da artista pop. A viralização do vídeo reforçou a convicção de que o setor rural precisa utilizar de forma mais efetiva os canais de comunicação digitais, incluindo as redes sociais, para atingir pessoas que não são da área. A partir dali, Camila se tornou uma “agroinfluenciadora”.
“Hoje, jovens se influenciam muito mais por digital influencers do que por professores e pesquisadores. No agro, não é diferente. A comunicação evoluiu e se desenvolveu muito. Nós temos ferramentas para mostrar a evolução do agro”, disse.
Na avaliação de Camila, o setor rural ainda tem dificuldade em “dialogar” com outros públicos. Ela atribuiu parte da forma como o agro é malvisto ao fato de o setor não ocupar canais digitais. Como exemplo, a especialista apresentou um ranking que mostra os brasileiros com mais seguidores em redes sociais: Neymar aparece em primeiro, seguido de Ronaldinho Gaúcho e de Anitta.
“A geração que está chegando não acredita no nosso setor, mas nesses influenciadores, que não falam bem do agro. A gente só vai mudar essa realidade a partir do momento em que mostrarmos o dia a dia no campo”, apontou.
Nesse sentido, Camila orienta: o óbvio não existe. “Às vezes, o que é óbvio para quem é do setor agropecuário não é óbvio para quem não vive a realidade do campo”. Ela defende que comunicadores do agro usem as redes sociais de forma leve, com humor, para mostrar como o setor funciona.
“A gente precisa ocupar um espaço que é nosso. Precisamos mostrar nossa preocupação com o meio ambiente, que produzimos e preservamos da mesma forma. O agro não é perfeito, mas a maioria está fazendo o correto. Temos que escancarar que somos o celeiro do mundo. É por isso que devemos ser lembrados lá fora”, concluiu.
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Fonte: Sistema FAEP