citrus HLB

INIMIGAS DA FRUTICULTURA

As pragas quarentenárias são os maiores desafios da fruticultura brasileira, com destaque para o HLB dos citros, a maior preocupação do setor, atualmente.

- Isto porque ainda não existe uma estratégia de controle que garanta uma boa convivência com a doença – alerta o pesquisador Francisco Ferraz Laranjeira Barbosa, da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas – BA).

Seu colega de trabalho, o pesquisador Zilton José Maciel Cordeiro explica que as pragas quarentenárias são aquelas que ainda não foram constatadas no País ou foram constatadas, mas ainda não estão distribuídas por todo o território nacional.

- Aquelas não constatadas no Brasil são as quarentenárias chamadas de A1, como é o caso da raça tropical 4 (TR4) de Fusarium oxysporum f. sp. cubense, que ataca a bananeira. Aquelas que já foram constatadas, mas não estão distribuídas por todo o território brasileiro são chamadas de quarentenárias A2, como é o caso da Sigatoka-negra da bananeira e do HLB dos citros – detalha Cordeiro, que também atua na Embrapa Mandioca e Fruticultura.

Vilão da citricultura, o HLB (Huanglongbing) também é conhecido como Greening ou Amarelão dos Citros. Surgido na Ásia há mais de cem anos, esta doença foi identificada no Brasil em 2004, no Centro e Leste do Estado de São Paulo. Hoje, está presente em todas as regiões citrícolas de São Paulo e pomares de Minas Gerais e Paraná.

De acordo com a Embrapa Mandioca e Fruticultura, o controle do HLB que existe até o momento baseia-se no tripé: uso de mudas sadias, erradicação de plantas sintomáticas e controle químico do vetor. Mas existe uma grande demanda para o desenvolvimento e implementação de estratégias alternativas para o manejo da doença, que sejam menos dispendiosas e menos nocivas ao meio ambiente. Em função disto, diversos grupos de pesquisadores em todo o mundo têm buscado outras opções que auxiliem no manejo integrado do HLB, sejam elas horticulturais, fitossanitárias, epidemiológicas ou biotecnológicas.

AS PRAGAS

O pesquisador Zilton Cordeiro destaca que as pragas podem ser fungos, bactérias, vírus, nematoides, insetos e até plantas daninhas.

- Portanto, elas podem atacar desde a raiz até as folhas, ou exercer concorrência com as fruteiras, dificultando ou até inviabilizando a produção – alerta.

Em sua opinião, a maioria das pragas presentes na fruticultura nunca deixará de existir.

- A maior parte delas não será mais extinta por absoluta falta de condição de colocar em prática uma estratégia de erradicação que seja eficaz – ressalta.

Cordeiro destaca ainda que, para combatê-la, normalmente procura-se restringir ao máximo a disseminação da praga identificada, lançando mão da legislação pertinente com ações do tipo: proibição do comércio da espécie fora da área de ocorrência; proibição de movimentação da espécie e de possíveis plantas hospedeiras da praga; utilização de produtos químicos para garantir a limpeza de recipientes ou até mesmo de veículos; entre outros.

- Geralmente, há um impacto econômico forte sobre a região de ocorrência da praga em função destas restrições – revela o especialista.

AGROQUÍMICOS

O pesquisador Francisco Ferraz Laranjeira Barbosa, também da Embrapa Mandioca e Fruticultura, orienta para a importância de as instituições de pesquisa e da Defesa Sanitária Vegetal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) procurarem estar atentas às pragas quarentenárias.

- Trabalhar antecipadamente o problema pode ser a melhor saída. O exemplo neste caso pode ser dado com a Sigatoka-negra da bananeira, uma praga quarentenária A2, que foi constatada pela primeira vez no Brasil em 1998. Todavia, desde 1982, a Embrapa Mandioca e Fruticultura já desenvolvia ações de melhoramento preventivo com foco nesta doença, até porque sabia-se que ela entraria no País mais cedo ou mais tarde – informa Laranjeira.

Conforme o pesquisador, muitos trabalhos de seleção de variedades de banana resistentes à doença foram executados no exterior e, com esta estratégia, quando a doença foi constatada no Brasil, já haviam variedades selecionadas resistentes a ela para serem recomendadas.

- Variedade resistente é uma das melhores estratégias para evitar o uso abusivo de agrotóxicos, mas não é só isso. Existe uma série de práticas de cultivo que podem evitar essa utilização excessiva, aplicando-as dentro de uma estratégia conhecida como MIP (Manejo Integrado de Pragas). Isto pode não evitar totalmente a utilização dos agrotóxicos, mas irá racionalizar seu uso – avalia.

INTELIGÊNCIA QUARENTENÁRIA

Quatro linhas-chave de pesquisa em inteligência quarentenária serão foco do 3º Simpósio Internacional de Fruticultura (Sinfrut), que será realizado entre os dias 13 e 16 de outubro, em Salvador (BA). Com o tema principal “Pragas quarentenárias e melhoramento preventivo”, o evento visa à divulgação de estratégias de controle e manejo de pragas quarentenárias de fruteiras.

Segundo a Embrapa Mandioca e Fruticultura – organizadora do evento, em parceria com a Sociedade Brasileira de Fruticultura (SBF) e a Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) -, as conferências e painéis com especialistas brasileiros e estrangeiros vão abordar aspectos da evolução científica do conhecimento, análise de riscos, planos de contenção e melhoramento preventivo.

 

Fonte: Sociedade Nacional de Agricultura



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