O Plantio Direto (PD) é uma das alternativas de manejo mais
recomendadas para aumentar a produtividade, conservando e/ou melhorando o
ambiente de cultivo. A técnica é eficiente no controle da erosão se comparado ao
sistema convencional, em que há remoção da vegetação e revolvimento do solo.
Agora, pesquisadores buscam entender se o PD é suficiente para controlar a
erosão em diferentes ambientes de produção e situações climáticas.
O estudo é desenvolvido em apoio ao projeto da Rede
Mesorregional Centro-Sul da Rede de AgroPesquisa e Formação Aplicada Paraná
(Rede AgroParaná), que conta com suporte financeiro do SENAR-PR e da Fundação
Araucária. O objetivo deste subprojeto é aprimorar a prática do PD contínuo,
sem interrupção para preparo do solo, aliando técnicas de manejo conservacionista,
como terraceamento, adubação verde e cultivo em nível.
Para a coleta de dados, foram instaladas três megaparcelas
em uma propriedade rural em Guarapuava. Na primeira, foi mantido o manejo já
utilizado pelo produtor: Plantio Direto sem terraços, com mecanização morro
abaixo – comum em muitas áreas na região –, e sem cultivo no outono (pousio).
Na megaparcela dois, houve adoção de mecanização em nível e
cultivo de plantas de cobertura no outono. A terceira megaparcela contou com
construção de terraços e, portanto, plantio em nível. “Estamos avaliando
fertilidade do solo, nutrição e enraizamento das plantas e produtividade de
culturas como soja, milho, trigo e cevada. Vamos examinar como o uso de outras
práticas combinadas ao Plantio Direto, como o terraceamento, podem ser eficazes
no controle da erosão”, afirma o coordenador da pesquisa, Marcelo Müller.
“Queremos mostrar para o produtor que controlar a erosão é
controlar a variabilidade da fertilidade do solo, que implica em níveis de
produtividade diferentes na mesma área”, complementa.
Durante a pesquisa, são realizadas coleta e análise química
de amostras de solo e tecido foliar das plantas nas três megaparcelas. O
crescimento radicular das culturas também passa por avaliação, pois está
associado às condições do solo e determina a sustentação da parte aérea das
plantas e a produtividade. Além disso, na megaparcela dois é analisada a
produção de biomassa das plantas cultivadas para cobertura do solo na
entressafra, determinando-se a absorção dos nutrientes e seu potencial de
reciclagem para culturas comerciais.
Segundo o pesquisador, a expectativa é que, com os dados
reunidos, seja possível entender como as mudanças no manejo interferem nos
sistemas produtivos, principalmente em relação aos indicadores químicos do solo
e das plantas. Dessa forma, será possível definir critérios técnicos para
recomendar práticas que possam melhorar a conservação do solo e da água, a
sustentabilidade, a produtividade e a rentabilidade dos produtores rurais.
Monitoramento da água
A análise química do material erosionado nas megaparcelas
durante eventos de chuva também faz parte das etapas da pesquisa. Para isso, é
necessário que as precipitações atinjam quantidade mínima para que ocorra
escoamento superficial da água. Em conjunto, é realizado o monitoramento da qualidade
química da água do córrego da microbacia hidrográfica do entorno das
megaparcelas e das lavouras dos demais produtores.
O coordenador da pesquisa explica que os nutrientes perdidos
pelas lavouras em escoamento de água e sedimentação do solo representam perdas econômicas
para os produtores. “Essas substâncias vão precisar ser repostas com
fertilizantes e corretivos, acarretando mais custos para o agricultor. Além
disso, o acúmulo de nutrientes disponíveis nos córregos e rios pode causar um
processo chamado eutrofização, em que há crescimento exacerbado de algas e redução da quantidade de oxigênio na água,
provocando a morte de peixes e outras espécies aquáticas”, aponta Müller.
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Fonte: Sistema FAEP