Morador de Rio Negro, Sudeste do Paraná, o produtor Emerson
Elias Portella já perdeu as contas de quantos cursos do SENAR-PR fez ao longo
dos últimos 18 anos. Mas tem uma certeza: em nenhum deles aprendeu de forma tão
ilustrativa que estava jogando dinheiro fora como na capacitação “Inspeção
periódica de pulverizadores para produtores e trabalhadores rurais”. No dia 24
de setembro, como participante de uma das turmas-piloto do treinamento,
Portella percebeu que parte do seu dinheiro estava indo embora por questões de
manutenção e regulagem de seu pulverizador usado nos 3,3 hectares dedicados ao
tabaco – embora também plante soja, milho e um cantinho de feijão na
propriedade de 15,3 hectares.
“A pulverização é uma das tarefas que mais exige do nosso
tempo e também reflete uma parte significativa dos custos de produção. No fumo,
há tratamentos que precisam ser feitos pé por pé, então usamos não só o trator,
mas também a pulverização costal. O treinamento é proveitoso, porque colocamos
a mão na massa junto com o instrutor para saber o certo e o errado antes de
entrar na lavoura”, analisa o agricultor.
O instrutor Lisandro José Cordeiro passou o dia na
propriedade de Portella. Desde bem cedo, juntos, eles fizeram, primeiro, uma
avaliação sobre como o produtor estava fazendo as pulverizações, medindo
diversos dados, como a pressão, a vazão e, consequentemente, a taxa de
aplicação. Depois disso, partiram para uma checagem de peça por peça dos
maquinários. Descobriram, então, que filtros, bicos e outras peças precisavam
de substituição e/ou reparos. O desperdício de calda de pulverização no caso
dele estava, antes do curso, na ordem de 30%.
“É importante esse trabalho na ponta, na propriedade rural,
pois mostra regulagem por regulagem, as peças envolvidas na manutenção
periódica. Também apresentamos um checklist que torna possível que, nas
próximas safras, o agricultor possa, por conta própria, fazer a manutenção dos
equipamentos. O resultado do curso em todas as propriedades visitadas tem sido
revelador de um novo modo de encarar a manutenção nos pulverizadores por parte
dos produtores”, avalia o instrutor.
Para a extensionista do Instituto de Desenvolvimento Rural
do Paraná – Iapar – Emater (IDR-Paraná) em Rio Negro, Camila Camargo, que
acompanhou o curso em duas propriedades do município – inclusive na de Portella
–, o aspecto mais importante da formação justamente é essa virada de chave.
“Muitas vezes, o produtor, por falta de conhecimento, acha que está fazendo a
pulverização de forma correta. Com o trabalho de mostrar em campo as
necessidades de aprimorar, ele percebe que a manutenção vai exigir um
investimento agora, que, muitas vezes, volta em poucas aplicações com a
economia proporcionada”, pontua Camila.
Flaviane Medeiros, técnica do Departamento Técnico (Detec)
do Sistema FAEP/SENAR-PR e responsável pelo curso, aponta o potencial que a
iniciativa traz de forma imediata, não apenas ao campo. “Esse curso demonstra
que é possível agir diretamente no problema e trazer economia ao produtor,
enquanto agimos em prol da preservação ambiental espalhando benefícios nas
lavouras e para toda a sociedade”, afirma. “A metodologia se mostra eficiente e
a intenção é, após essa primeira rodada, disponibilizar novas turmas do
treinamento para todas as regiões do Paraná”, completa.
Curso
A ideia de formatar o curso-piloto surgiu da necessidade de
levar aos produtores rurais conhecimento técnico para avaliar se os
pulverizadores estão com a manutenção em dia. Nessa primeira rodada estão sendo
realizadas, ainda em 2021, 83 turmas em 81 municípios do Paraná, totalizando
cerca de 500 pulverizadores. Para chegar a essa lista foram considerados
fatores como a relevância na produção de grãos dentro da microrregião a qual
pertence a cidade, o maior número de estabelecimentos com cultivos sensíveis a
casos de deriva (viticultura, sericicultura, apicultura e orgânicos) e o
reporte de prejuízos causados pelo problema ao IDR-Paraná.
Cada turma reúne de seis a 15 participantes. O curso
acontece cada dia em uma propriedade rural, com atendimento individualizado
pelo instrutor no maquinário usado no dia a dia nas lavouras. Os participantes
aprendem, em oito horas-aula concentradas em um único dia, conteúdos como
análises, observações e medições de parâmetros qualitativo e quantitativos,
para melhorar o padrão tecnológico do processo de calibração dos
pulverizadores. Um checklist elaborado em uma parceria entre o Sistema
FAEP/SENAR-PR e o IDR- -Paraná é aplicado e disponibilizado ao participante do
curso. Além disso, um Equipamento de Proteção Individual (EPI) também é
fornecido a quem concluir a formação.
Para chegar a esse formato, o Sistema FAEP/SENAR-PR contou
com parceiros, além do IDR-Paraná. A Syngenta apoiou a formação dos 10
instrutores selecionados para ministrar o curso de inspeção de pulverizadores a
campo, o que incluiu atualizações no Grupo Dashen de Pesquisa Agronômica e uma
formação em Aprendizagem Ativa e Mudança de Comportamento na Synapse
Consultoria. Além disso, a Agroflux contribuiu disponibilizando fluxômetros
digitais (equipamentos para medir a vazão de pulverizadores).
Outras formações
O curso-piloto “Inspeção periódica de pulverizadores para
produtores e trabalhadores rurais” é o sétimo na área de agroquímicos. Essa
capacitação se junta a outras seis formações gratuitas e com certificado
oferecidas a agricultores nas seguintes áreas: NR 31.8, tratorizado de barras,
autopropelido, costal manual, combate às formigas cortadeiras e
turbopulverizador.
Para saber mais sobre os cursos do Sistema FAEP/ SENAR-PR, acesse www.sistemafaep.org.br/cursos.
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Fonte: Sistema FAEP