Trabalho focado em conhecer o cliente (moinho, consumidor,…) e suas necessidades e planejar a lavoura voltada para um mercado específico. Essas são as oportunidades do produtor de trigo gaúcho na visão do presidente do Sindicato da Indústria do Trigo do Estado do Rio Grande do Sul (Sinditrigo), Andreas Elter, que palestrou durante a XII Feira Nacional do Trigo (Fenatrigo), realizada no início de outubro, em Cruz Alta/RS.
Para indicar um caminho, Elter revelou que a demanda maior hoje no estado é para o trigo para panificação com força e claros – esse tipo específico representa 55% do mercado. O trigo para uso doméstico tem 17% dessa fatia, seguido pelo cereal destinado a produção de massas com 15% e biscoitos 11% da demanda. Conforme o presidente do Sinditrigo, é preciso produzir trigos mais específicos em cor e mais força para cada demanda.
- Os elos da cadeia produtiva devem entender o que o consumidor quer. Fomentar em determinada região um tipo de trigo, identificando um diferencial dessa região. Segregar esse produto e focar para determinado fim e assim valorizá-lo – explica.
A formação de grupos de trigo para uso específico, mirando os diferentes mercados: panificação, massas, biscoito, entre outros; conscientização para segregação e descobrir a vocação para cada região para determinado uso. Esses são os desafios para a cadeia produtiva na visão da indústria. Além disso, é preciso buscar a redução de custos de produção e a alternativa proposta pelo dirigente é aumentando a produtividade e qualidade.
- O trigo não pode ser caro, se não, não chegamos ao norte do país e o produtor também não consegue exportar – avalia Elter.
Na segregação, o presidente do Sinditrigo antecipa que os moinhos querem cor, força de glútem, proteína e rastreabilidade. Para segregar é preciso buscar variedades de classe que o mercado valoriza; planejar para que o plantio e ciclos das variedades escolhidas sejam compatíveis com a classe de trigo e sua aplicação; acompanhar as lavouras e ter cuidados na secagem e armazenamento.
Agora como convencer o triticultor, que vem de safras frustradas e acumula prejuízos com a cultura, a cumprir esses desafios?
O agricultor de Cruz Alta, Sílvio Ohse, já reduziu de 270 para 215 hectares a área destinada ao cereal nesta safra e com a geada e a chuva deste ano já sabe que será a quarta colheita no prejuízo.
- Os moinhos são hipócritas: cada ano tem uma exigência diferente. Até parece que o produtor está participando de uma gincana – cada tarefa que cumpre, aparece uma nova exigência. Este ano é a cor, antes já foi o PH. Fazem isso para desvalorizar o nosso produto e fazer média de preço com o trigo importado que pagam mais caro – desabafa o produtor.