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Forte geada impacta regiões produtoras do Paraná

A
geada caiu com força no Paraná nos últimos dias do mês de junho. As baixas
temperaturas registradas em muitas cidades do Estado impactaram em diversas
culturas agrícolas, principalmente nas que estavam em fase de desenvolvimento
e/ou colheita. Produtores ouvidos pelo Sistema FAEP/SENAR-PR relataram estragos
em diversos segmentos agrícolas.

De
acordo com o analista Marcelo Garrido, do Departamento de Economia Rural
(Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), no
momento, as principais culturas agrícolas em campo são o milho e o trigo.
“Temos uma área [de milho] bastante suscetível ao frio na região Norte do
Estado, perto de 800 mil hectares. Na região Sul já não tem milho segunda
safra, é mais trigo, que aguenta melhor as baixas temperaturas”, observa. No
entanto, segundo Garrido, ainda é cedo para quantificar os prejuízos. “Para
falar em perdas seria necessário entre uma semana e dez dias para verificar o
real impacto na produção”, avalia.

No Oeste do Estado, as lavouras de milho safrinha sofreram com o frio intenso que atingiu a região. Segundo o produtor rural e presidente da Comissão Técnica de Aquicultura da FAEP, Edmilson Zabott, de Palotina, a situação é atípica e as temperaturas não costumam ser tão baixas como nos últimos dias, registradas em abaixo de zero. “Foi uma geada muito brutal. Estamos extremamente preocupados. Acredito que podemos perder 80% do milho que não estava pronto, fora a qualidade do grão que deve piorar. Apenas 15% dos 45 mil hectares cultivados na região devem sofrer menos prejuízos, pois já estavam praticamente prontos para colheita”, aponta.

Forte geada atingiu a Região Oeste do Paraná, causando prejuízos

Além
dos impactos causados pela geada, a produtividade das lavouras da região já
havia sido reduzida em cerca de 40%, devido à janela de plantio atrasada por
causa da seca, além de faltas de chuvas regulares durante o período de cultivo.
O trigo, que também foi plantado tardiamente, não deve registrar perdas
significativas.

Zabott,
que também é produtor de peixes, aves e leite, alerta sobre os impactos para a
cadeia de proteínas animais, principalmente em relação à alimentação, cujo
principal insumo é o milho. Uma surpresa para a piscicultura, atividade de
destaque no Oeste paranaense, foi o aparecimento de fungos nos tanques em
função das mudanças bruscas de temperatura. “Isso atingiu toda a nossa região.
Estamos avaliando qual tipo de tratamento mais adequado para poder segurar o
ataque desses fungos”, esclarece o produtor rural.

Na cultura do café, o frio intenso afetou as principais regiões produtoras, queimando as plantas e trazendo incertezas quanto à temporada 2022. “A safra que está no pé está tranquila, mas a colheita do ano que vem está comprometida”, afirma o cafeicultor Fernando Lopes, de Mandaguari, na região Norte. Segundo o produtor, por enquanto é possível afirmar que o prejuízo existe e é considerável, mas ainda levará um tempo para calcular o quanto as plantas foram afetadas. “É um visual assustador. Antes da geada, as plantas do cafezal estavam todas verdinhas. Depois da geada, as folhas estão marrons e secas”, observa. Com uma área de 140 hectares de café, Lopes acredita que entre 60 a 70 hectares foram bastante atingidos “O restante do cafezal teve danos, porém não tão graves”, avalia.

Cafezal em Nova Fátima, no Norte do Paraná, atingido pela geada do fim de junho de 2021

Segundo
a técnica do Departamento Técnico (Detec) do Sistema FAEP/SENAR-PR e responsável
pela cultura do café, Jéssica D’angelo, a maioria dos cafeicultores já iniciou
a colheita a cerca de um mês, o que pode minimizar as perdas desta safra. “Se
tiver fruto verde no pé no momento da geada, pode haver impacto na qualidade da
bebida”, observa.

O
pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Gustavo Sera, identificou
que o frio queimou os frutos verdes em um cafezal localizado em Assaí, no Norte
do Estado. “A geada afeta mais os frutos verdes que os que já estão maduros,
por isso a importância de cultivares mais precoces. Além disso, o frio tem
impactos maiores nas plantas mal nutridas ou que carregaram mais frutos, do que
em plantas mais bem nutridas”, afirma o pesquisador.

No
caso do produtor Renato Saragoça, de Rancho Alegre (Norte Pioneiro), foi necessário
espalhar fogueiras e cobrir com uma lona seu viveiro para salvar as mudas do
frio. “Na lavoura não teve como salvar”, relata. “Tenho café para colher,
atrasou um pouco, mas esse está garantido, já está maduro. Minha preocupação é
com os [pés] mais novos”, avalia.

Segundo
Saragoça, suas lavouras de três anos sofreram queimaduras “de capote” mais
externas e nas partes aéreas. “Esse prejuízo é superficial, o tronco está
protegido”, avalia. Sua preocupação é com as lavouras de dois anos que não
possuem uma cobertura vegetal, ou “saia” muito boa. “Se queimou o tronco, a
planta morre inteira”, sentencia.

No setor de hortaliças, o produtor Hamilton Possebon, de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), afirma que ainda é cedo para avaliar os danos causados, mas é possível verificar folhas queimadas em plantas como alface e couve-flor, principalmente se estiverem em áreas de baixada.

Registro de geada em pastagens de Pato Branco, no Sudoeste do Paraná

“As
culturas que eu tenho na minha propriedade são resistentes ao frio até zero
grau, então estamos no limite. Caso volte a gear, certamente vai queimar mais.
Os maiores estragos devem aparecer nos próximos dias”, relata.

Alerta de geada

Para
ajudar os produtores paranaenses a enfrentar esse perigo, o IDR-Paraná e o
Simepar mantêm o Alerta Geada, serviço que alerta cafeicultores, com
antecedência de 48 e 24 horas, para a ocorrência de geada na região cafeeira.

O
Serviço é gratuito e funciona no período de maio a setembro por meio de avisos
pelo telefone (Disque Geada 3391-4500), WhatsApp, internet e de boletins para
televisão, rádios e jornais de todo o estado do Paraná.

Para
mais informações sobre esse serviço, contate o IDR-Paraná Agrometeorologia pelo
telefone (43) 3376-2248 ou pelo e-mail alerta_geada@idr.pr.gov.br

A notícia Forte geada impacta regiões produtoras do Paraná apareceu pela primeira vez em Sistema FAEP.

Fonte: Sistema FAEP



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