O dólar reduziu o avanço nesta segunda-feira (21/09), após o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmar que o veto da presidente Dilma Rousseff ao reajuste dos servidores do Judiciário não deveria ser derrubado, atenuando um pouco as preocupações fiscais que haviam levado a moeda norte-americana a encostar na máxima histórica de 4 reais.
Às 16:22, o dólar avançava 0,52 por cento, a 3,9786 reais na venda. Na máxima da sessão, a moeda norte-americana alcançou 3,9990 reais, segundo maior nível na história.
- Se o veto de fato sobreviver ao Congresso, vai ser uma boa notícia em um mar de más notícias – resumiu o operador de uma corretora nacional, sob condição de anonimato.
Segundo a Agência Estado, Cunha defendeu que não se derrube o veto presidencial ao reajuste dos servidores do Judiciário, após almoço com o vice-presidente da República, Michel Temer.
O mercado vem adotando estratégias mais defensivas, com medo de que o Congresso possa derrubar nesta semana vetos da Presidência a medidas que aumentam os gastos, dificultando o ajuste fiscal.
A perspectiva de possível perda do grau de investimento do Brasil por outras agências além da Standard & Poor’s também dava força à apreensão.
- Não esperamos qualquer choque positivo à confiança ou reversão da situação de baixo crescimento e baixa confiança dos investidores – escreveu a estrategista para a América Latina do banco Jefferies, Siobhan Morden, em nota a clientes.
Na cena externa, declarações no fim de semana do presidente do Federal Reserve de San Francisco, John Williams, de que uma alta de juros ainda deve ser apropriada neste ano corroboravam a subida do dólar. Juros mais altos nos EUA podem atrair para a maior economia do mundo recursos atualmente aplicados em países como o Brasil.
Mais cedo, o dólar testou suas máximas históricas mesmo após o Banco Central anunciar nova intervenção no mercado de câmbio, com leilão de linha. O anúncio veio depois de a moeda norte-americana fechar no segundo nível mais alto na história em relação ao real na sessão passada, influenciada por rumores sobre o possível rebaixamento do Brasil pela agência de classificação de risco Moody’s.
A autoridade monetária ofertou dólar com data de recompra em 4 de abril de 2016 e em 5 de julho de 2016. Segundo a assessoria de imprensa do BC, a operação não é para rolagem de uma linha já existente. Trata-se da quarta intervenção desse tipo desde 31 de agosto.
O BC também deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em outubro, vendendo a oferta total de até 9,45 mil contratos, equivalentes a venda futura de dólares. Ao todo, já rolou o equivalente a 6,299 bilhões de dólares, ou cerca de 67 por cento do lote total, que corresponde a 9,458 bilhões de dólares.
- A intervenção do BC ajuda, mas não faz milagre – disse o superintendente de câmbio da corretora TOV, Reginaldo Siaca, que acredita que a moeda norte-americana deve atingir o recorde de 4 reais no curtíssimo prazo.
Fonte: Reuters