O gengibre ocupa um espaço importante na diversificação de culturas da região serrana do Espírito Santo. O estado é o maior produtor de gengibre do país. O maior polo de produção fica nos municípios de Santa Maria de Jetibá e Santa Leopoldina. A região montanhosa com altitude média de 600 metros é retalhada por pequenos sítios onde o café se destaca como a cultura mais importante.
Mas para não apostar somente nele os produtores estão sempre buscando alternativas. O gengibre foi chegando devagar e hoje é cultivado por mais de mil produtores que devem colher este ano cerca de dez mil toneladas – 20% são comercializados no mercado interno e o restante é exportado para a Europa e os Estados Unidos.
No Brasil ele é mais conhecido como ingrediente do quentão, mas são muitas as virtudes dessa planta asiática usada principalmente na culinária. Seu sabor picante estimula a digestão e o chá de gengibre é muito eficiente no tratamento de tosses e dores de garganta. Dele também se extrai óleos essenciais usados na fabricação de cosméticos.
O gengibre capixaba é de ótima qualidade e a produtividade gira em torno de 50 toneladas por hectare. Quando ele chega no ponto de colheita é preciso roçar as folhas e deixar os talos secando por pelo menos três dias.
Um problema grave dessa cultura são as doenças de solo causadas por bactérias e fungos. Para identificar uma planta doente é preciso partir o gengibre. A mancha escura é sinal de que ele está atacado por um fungo chamado fusarium. Já o gengibre sem manchas está livre da doença.
Não existe controle químico eficiente para as doenças do gengibre, por isso é fundamental fazer rotação de cultura.
- Sempre tem que ter uma área nova para o plantio. Não pode plantar no mesmo lugar. Tem que esperar em torno de quatro a cinco anos para repetir a área – explica o agricultor Gilberto Gurtter.
Outra medida importante para evitar as doenças é a seleção de mudas. Cada tubérculo produz várias brotações que podem servir de mudas. Mas não se deve usar faca para separar as mudas, porque se ela tiver doente, a lâmina se encarrega de espalhar o fungo. O melhor é quebrar com mão e observar o corte. Se a muda estiver manchada de fungo, ela tem que ser descartada.
Os produtores de gengibre do Espírito Santo são orientados pelos técnicos do INCAPER – Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural. O encarregado da região é o técnico agrícola João Paulo Ramos.
A cultura do gengibre exige muita água em todas as fases. Desde o plantio é necessário irrigar a lavoura. Depois de colhidas, as raízes são lavadas para tirar a terra. Em seguida, o gengibre é espalhado em estufas para secar. Também é feita uma limpeza para tirar os excessos de brotações e as raízes estragadas.
- Dependendo do país pode demorar de 10 a 18 dias para chegar o gengibre. Se colocar um produto molhado na caixa, ele vai chegar mofado. Se for um dia com sol, temperatura boa acima de 30 graus, o gengibre pode ser embalado em torno de 24 horas. Se o dia for nublado, frio, ele não pode ser embalado com menos de três dias – explica João Paulo Ramos.
Variações
Quem está tentando driblar as variações no preço do gengibre é o Wanderley Stuhr, de Santa Maria de Jetibá. Ele mandou o filho Frederico para Miami, nos Estados Unidos, afim de descobrir os segredos da comercialização dessa cultura. Eles usam os recursos da rede de computadores para trocar informações.
Hoje Wanderley comercializa diretamente as 30 mil caixas que produz e compra a produção de outros agricultores para exportar. Ele explica que não dá para competir com o produto chinês.
- Com relação à qualidade nós estamos bem melhor, mas o preço, competitividade, não. Nosso produto é mais caro porque o nosso custo de produção é mais elevado que o custo de produção na China – disse ele.
A caixa do gengibre foi negociada essa semana no Espírito Santo por R$ 25. Quem quiser saber mais sobre o cultivo do gengibre, o INCAPER do Espírito Santo está lançando um livro sobre o gengibre. Ele custa R$ 35, mais as despesas de envio. Se você tem interesse, entre em contato com o INCAPER pelo e-mail: biblioteca@incaper.es.gov.br ou pelo telefone (0xx27) 3636-9846.
Fonte: Globo Rural